Referência no agronegócio na região Carbonífera, a Agroponte pinta como uma das maiores exposições do Estado. Nos quase dez anos de feira, mais de 600 mil pessoas passaram pelo Pavilhão de Exposições José Ijair Conti, na zona urbana de Criciúma. Nesta nona edição, que se encerrou no último domingo, a estimativa da organização é de que mais de 100 mil pessoas compareceram nos cinco dias de exposição.
Neste ano, participaram 120 empresas com exposição de máquinas, equipamentos e tecnologias para o agronegócio, 40 cooperativas de agricultura familiar e cerca de 70 pecuaristas com animais da região em exposição. A Agroponte oferece, dessa forma, opções para todos os ramos do agronegócio.
Mais do que uma oportunidade para o empreendedor rural, a exposição cumpre outra demanda social: mostrar ao cidadão da área urbana de Criciúma e região como é a lida do campo. "De onde vem o leite, o mel, o som que fazem os animais", entusiasma-se Willy Backes, criador e organizador do evento.
Os animais
Inicialmente, a Agroponte fixou-se como uma oportunidade para divulgação de cooperativas e um ponto de encontro para compra, venda e divulgação de maquinários. Com a evolução do evento, o aumento de público e de expositores, surgiu a exposição de animais.
Pelo sétimo ano consecutivo, pecuaristas tomam conta da parte externa da exposição e apresentam os animais ao público. Dos gigantes búfalos e zebus, até os pequenos coelhos e canários, o setor é tomado pelos visitantes, curiosos para conhecer os animais que movimentam o setor rural da região.
"A ideia não é fazer da Agroponte uma Arca de Noé. Prezamos mais pela qualidade do que pela quantidade. Mas aos poucos vamos expandindo, mostrando o que acontece na região", declara Willy. Assim, o espaço dos animais apresenta uma variedade (e uma qualidade) que encanta e agrada a todos os públicos.
O búfalo Murrah
A história de Saloni Luiz da Rocha é bastante curiosa. Criado no campo, ele sustentava o negócio com dois aviários, abastecendo a JBS. Com o fechamento da unidade em Maracajá, viu-se obrigado a achar outras alternativas. Arranjou um emprego na cidade, mas continuou com um antigo hobbie: a produção de búfalos.
Espécie incomum na região, Saloni expõe os búfalos desde que animais ganharam espaço na feira. Atualmente, na pequena propriedade de sete hectares em Maracajá, ele tem dez cabeças de búffalo Murrah. "Crio búfalos albinos de olhos azuis. Eles são dóceis. O pessoal tem aquela visão de que o búfalo é brabo. Quem quer que chegue na minha propriedade pode montar no búfalo que eles não saem correndo", conta Salino.
A neta de Salino, Suiane, prova a docilidade dos animais. Na companhia do vô, ela monta em todos os búfalos expostos. Os visitantes que se aproximavam do estande, demonstravam desconfiança à primeira vista, mas logo rendiam-se aos búfalos.
Com a propriedade rendendo menos do que antes, Saloni aposta nos búfalos e em outras oportunidades para retomar a boa produtividade. A Agroponte acaba sendo uma 'ponte' para o retorno da propriedade de Maracajá.
De Içara, o zebu
Se os búfalos impressionam pela docilidade e pelo tamanho, o zebu Brahman não fica para trás. Mais comum na região, o macho pode pesar até uma tonelada. Adilor Pedro Viana cria a espécie em uma propriedade de 40 hectares em Içara há nove anos.
"O Brahman é um zebu dócil de bom trato. Começamos a criação há nove anos, com embriões da melhor qualidade, já que é proibido por lei trazer animais vivos de outros estados", explica Adilor.
Adilor segue a tendência da Agroponte: zelar pela qualidade e não pela quantidade. Ele trouxe à exposição os melhores animais da fazenda. Atualmente, conta com quase 90 cabeças de gado e vende para o mercado interno. "A Agroponte é muito boa para os negócios. Fizemos vendas e, mesmo para quem não vendemos, acabamos criando o contato e ampliando as oportunidades", atesta o criador.
E os coelhos?
Os coelhos transformaram-se nos xodós da feira. No estande mais afastado dos animais, a poucos passos da enormidade dos zebus e búfalos, o casal de Chapecó, Jaqueline e Mateus Camatti, se viraram como podiam para atender a todos os fregueses.
Eles percorreram mais de 500 quilômetros, pelo segundo ano consecutivo, para expor e vender na Agroponte. "No ano passado, trouxemos 250 filhotes e voltamos com apenas 14. Neste ano trouxemos 150", diz Jaqueline.
O casal começou a criar coelhos como forma de brincadeira em 2012, até que a criação evoluiu e virou um negócio. Hoje, eles possuem uma loja em Chapecó que vende para os três estados da Região Sul, têm o auxílio de seis funcionários e viajam todo o Estado para feiras e exposições.
"Tem gente que comprou no ano passado e está aqui de novo para comprar mais um. O mini-coelho é um ótimo animal de estimação, dá pra levar pra passear, como um cachorro, mas demanda menos atenção", promove Jaqueline.