Após vencer o câncer, médico lança livro na Bienal no Rio de Janeiro

A superação e a fé resumem a vida de Hugo Martins de Oliveira. Diagnosticado com câncer aos 14 anos, ele superou a doença e se formou em medicina na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e hoje cuida de crianças com a mesma doença. Ele lançou recentemente na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, o “Oncofé”, que ele quis utilizar das palavras como uma forma de acolhimento.

“Como médico, a pergunta que muitos fazem é: ‘como que enfrento o câncer’? e muito se fala sobre a medicina e parte técnica que é entregar o medicamento, mas eu percebi que isso ainda é insuficiente para cuidar do ser humano do jeito que ele precisa, dessa forma percebi que um dos principais remédios para cuidar dos seres humanos são as palavras”, diz o médico.

Parafraseando Antônio Abujamra, Hugo provoca uma pergunta que muitas pessoas talvez não tenham a resposta: o que é a vida?. “Nesse momento muitos acabam tendo inabilidade de lidar com essa condição humana, quando se ameaça a vida com o peso cultural da palavra câncer, pensando que se tem uma sentença de morte e aí passamos a refletir, já que tem a possibilidade de morte, olhamos e pensamos, o que é a vida?”, pergunta.

Após começar o tratamento, o médico percebeu que a vida tem um olhar diferente. “Aos 14 anos tive o privilégio de despertar a consciência da melhor forma, viver sabendo respeitar a morte, se eu respeitar, vou respeitar o privilégio presente de estar em vida”, destaca Oliveira. 

“Com isso fui percebendo que a vida tem um olhar totalmente diferente quando você encontra o tempero no seu próprio sabor, e dessa forma percebi que uma palavra acaba impactando de forma agressiva conforme nós entregamos”, explica o médico.

Além do câncer, Hugo teve que lidar com mais um caminho para superar, um irmão era dependente químico. “Hoje celebramos o sucesso não só da cura do câncer e a dependência química do meu irmão, mas celebramos os desafios superados por ter hoje uma família que é feliz, saudável e que vive com pé no chão enfrentando a realidade que a vida nos apresenta”, comenta.