O dia era 7 de dezembro de 2002. A chuva caía forte na tarde daquele sábado em Criciúma, mas o Tigre tinha uma grande missão: reverter o placar adverso de 2 a 0 sofrido para o Fortaleza na partida de ida pela final da Série B e levantar a taça. Difícil, sim. Mas não impossível. Ainda mais quando se tinha em campo um jogador que estava deixando os eu nome na história do clube: Paulo César Baier, ou somente, Paulo Baier.
Ainda como lateral-direito, com o número 2 nas costas, o jogador balançou as redes três vezes naquela goleada de 4 a 1, ajudando o Carvoeiro naquela conquista. Depois, Baier vestiu a camisa de clubes como Goiás, Palmeiras, Atlético-PR, entre outros, mas quis o destino que ele voltasse para Criciúma, mas desta vez não no clube do Bairro Comerciário, mas sim do bairro Próspera, não como jogador, mas como técnico. A passagem vitoriosa de 2002 foi relembrada durante entrevista ao jornalista Denis Luciano e ao narrador Mário Lima, no Programa Agora, da Rádio Som Maior.
No vídeo, o jogo histórico e os três gols de Paulo Baier:
Mário Lima, inclusive, recordou que durantes o jogos passou a chamar o então Paulo César de Paulo César Baier porque havia um jogador com o mesmo nome no elenco, mas que Paulo César Baier ficou muito extenso, reduzindo para Paulo Baier.
A chegada à Criciúma também foi contada pelo ex-jogador e hoje técnico. “Estava no São Luiz de Ijuí e briguei com o empresário. Quando estava jogando, você liga e ele atende, quando está na reserva, não atende. Depois fui para o Pelotas e duas partidas para acabar a Sul Minas, estava contratado pelo Criciúma e fizemos aquela campanha maravilhosa e os três gols na final”, falou Paulo Baier.
Retorno ao Próspera
Ele já passou pelo Esporte Clube Próspera em 2018, quando o time subiu da Série C para a Série B do Campeonato Catarinense e agora retorna para ajudar o clube a ascender à primeira divisão estadual. A estreia é diante do Fluminense de Joinville, no próximo sábado, 1º, no Estádio Mário Balsini. “Tinha um outro técnico, não sei o que aconteceu e surgiu a oportunidade de eu ir para Minas Gerais, onde o Próspera estava treinando, para avaliar, para trazer jogadores. Agora estamos treinando na Casa Lar, em Araranguá. Estamos fazendo uma pré-temporada mesmo, com profissionais, pessoas sérias, organizadas. Se não tiver organização não anda”, comentou.
A Série B do Estadual será um campeonato curto que irá durar apenas um mês. “Sempre falo que é um torneio, nove jogos, não tem returno. Uma preparação boa, estamos formando um om time e acredito que faremos uma campanha boa”, disse.
Reforços
Paulo Baier destacou ainda que o elenco está reforçado para a competição. “Como a divisão de acesso do Rio Grande do Sul foi cancelada, eu trouxe cinco jogadores que eu conhecia. A gente trouxe o Jessé de volta, Galhardo que já jogou no Náutico. Temos bons jogadores mesclados com juventude. O Roberto é o goleiro, com muita experiência, liderança. A hora que tu precisa dele, ele comparece. O trabalho que estamos fazendo é muito bom e estão comprando a ideia. O espírito é de mutia disposição para treinar, para jogar. Eu como técnico aprendo a cada dia, cada jogo, optei por começar de vagar. Quando chegar em um clube quero ficar dois, três anos”, enfatizou.
A organização está dentro e fora do gramado, afirma Baier. “O campo está um tapete, o estádio está bonito, pena que não vai ter torcida. O projeto é grandioso, estamos todos só dias conversando, projeto bem bacana. Se der tudo certo de subir, trocar todo o gramado, evoluir. Gosto muito de Criciúma e é uma alegria treinar o Próspera, o ambiente da cidade me satisfaz”, comentou o técnico que treinou cinco clubes na carreira.
Inspirações
Paulo Baier ainda falou dos técnicos que lhe inspiram. “Eu vejo muito jogo do Sampaoli, para mim é legal, um aprendizado trazer coisas de fora, motiva os treinadores de fora, para não ficar na mesmice”, relatou. Na época, naquela Série B de 2002, Baier diz que ele e Cléber Gaúcho eram como dois técnicos dentro de campo e lembra do treinador daquele time, Edson Gaúcho. “Ele foi muito importante na construção daquele time. Foi uma das pessoas importantes para nós. Para mim também foi importante o Geninho, no Goiás; Wagner Mancini, no Atlético-PR e o Tite, no Palmeiras. É impressionante o trabalho dele, a motivação”, destacou.
A chegada em Criciúma
A chegada em Criciúma ocorreu por acaso. “Eu estava no São Luiz, fui jogar contra o Caxias, o pessoal do Criciúma foi ver o Fábio, e eu arrebentei no jogo. Daí falaram que não queriam mais o 3, mas sim o 2”, relatou se reportando aos números das camisas.
Depois da sua última passagem pelo Tigre, Baier foi para o Ypiranga de Erexim, Juventude e encerrou no São Luiz de Ijuí. “É difícil começar e encerrar no mesmo, e eu consegui. O São Luiz deu esta oportunidade que poderia ter sido dada por outros clubes”, destacou o técnico que durante oito anos sustentou o recorde de gols da era dos pontos corridos do Campeonato Brasileiro. Foram 106 durante a carreira. “Estou entre os dez maiores artilheiros dos pontos corridos, e é muito legal deixar um legado”, pontuou.
Foram dois títulos com camisa tricolor, o Campeonato Catarinense de 1998 e o Campeonato Brasileiro da Série B em 2002. Foram três passagens pelo Estádio Heriberto Hülse: 1997-1998, 2002-2003 e 2014.
A história construída em Criciúma não se apaga e Baier e muitos torcedores guardam com carinho o que ele fez pelo clube. Ao chegar na Rádio Som Maior na manhã desta quarta-feira, Baier já encontrou o torcedor Diego Bitencourt, que o aguardava para autografar a camisa comemorativa dos a dos 150 jogos pelo Tigre.
Ouça a entrevista no podcast do Agora: