Uma medida assinada no início de 2022, define que o Governo de Santa Catarina envie recursos financeiros para a realização de cirurgias eletivas. Mas, apesar de o objetivo do acordo ser de resolver o acúmulo de pacientes na fila, a espera deles continua. Os procedimentos, que não deveriam ter urgência, se tornaram urgentes. Nas regiões da Amrec, Amesc e Amurel, cinco mil pessoas aguardam agendamento.
“O nosso paciente está pronto para a cirurgia. Os municípios fazem muito bem a parte deles, pagando especialista e exames, mas, quando chega no momento do procedimento, há essa demora. Temos pessoas aguardando há cinco anos. As pessoas estão agravando na nossa frente. Toda a classe política deveria ficar na porta de uma secretaria de saúde um dia para ouvir o relato de dor pelo problema de saúde”, relata a presidente do Colegiado de Saúde da Amrec, Marijane Felippe.
Cirurgias devem ser realizadas em 2023
As cirurgias eletivas são um problema quase todo ano, mas, em função da pandemia, o quadro se agravou em 2020 e 2021 com a superlotação nos hospitais. Este ano, com a criação da Política Hospitalar Catarinense – um recurso do Governo do Estado de incentivo aos hospitais para custear e ampliar a execução de procedimentos eletivos – criou-se uma expectativa de avanço. Mas, as cirurgias que deveriam ter sido feitas até dezembro, ficarão para o próximo ano.
A área da Saúde pede que a política seja revisada. Segundo Marijane, todos os meses essa cobrança é feita ao Governo do Estado. A expectativa é de uma solução para 2023. “A política iniciou em maio. Todos os meses nós recebemos os relatórios de execução e cobramos do Governo do Estado. Muitas vezes, nós íamos cobrar dos hospitais. E os pacientes todos os dias na nossa porta. Todos estão esgotados e ficando doentes por ver, todos os dias, os nossos pacientes agravando”, desabafa.
Cinco mil pessoas aguardam agendamento
Na macroregião, que corresponde a Amesc, Amrec e Amurel, são sete mil laudos aguardando por um procedimento, sendo que cinco mil deles estão prontos para agendamento. Ou seja, o paciente passou por todos os estágios no município e pela avaliação em uma unidade hospitalar com um cirurgião e está pronta, apenas esperando a cirurgia. “A gente precisa que as instituições se organizem e executem”, salienta a presidente do Colegiado.
Saúde precisa ser foco do próximo governo
Para Marijane, o Estado precisa ver que o aporte financeiro aprovado na Assembleia Legislativa deve ser efetivado para a execução das cirurgias eletivas. No próximo governo, a bandeira de Saúde Pública precisa ser prioridade para iniciar 2023 tomando a frente deste problema. Além disso, seu pedido é para que haja fiscalização da Política Hospitalar Catarinense até outubro, porque ela “não está sendo executada na sua totalidade”.
“As pessoas estão sofrendo e agravando. Nós temos pacientes com problemas, aguardando uma cirurgia em urologia, que estão prestes a perder um rim. Estamos falando de vidas”, frisa Marijane. “Me deito a noite e penso que já não está mais dentro da minha governabilidade. A gente precisa que o estado tome a frente disso. Estamos preocupados. Entra mês, sai mês, não estamos vendo uma melhora”, confessa.