Criadas em 16 de janeiro de 2011, as Forças-Tarefa (FTs) do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) são equipes multidisciplinares, estruturadas para
atendimentos em casos de situação extrema, desastres naturais ou calamidades públicas. São 14 equipes assim, com 274 bombeiros militares, e subordinadas ao Subcomando
Geral, responsável pela parte operacional da corporação.
Para atuar nas Forças-tarefa os bombeiros militares se colocam à disposição do Comandante do Batalhão ao qual pertencem e quando aceitos começam a ser capacitados, com
cursos específicos: Combate a Incêndio Florestal; Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas; Intervenção em Áreas Deslizadas; e Busca e Resgate em Inundações e
Enxurradas.
“Essas FTs foram criadas a partir do desastre natural do Morro do Baú, que aconteceu em 2008 e nos mostrou a necessidade de especialização dos nossos bombeiros
militares, nestes fenômenos climáticos. O CBMSC desenvolveu técnicas e ferramentas para atuação neste tipo de atividade. Muitas corporações nos solicitam treinamentos,
ou enviam profissionais, para capacitação com a nossa instituição”, explica o subcomandante-geral, coronel Ricardo José Steil.
As FTs são estruturadas com oito profissionais para cada atuação, com viaturas tracionadas, embarcações e ferramentas específicas para atuação nas mais diversas
situações. Além disso, os grupos também possuem caminhões de ajuda humanitária, trabalho também feito pelos Bombeiros de SC.
Embora sejam oito profissionais por equipe, os batalhões podem ter mais bombeiros capacitados, como no 5º Batalhão, em Lages, que possui 36 bombeiros militares
capacitados para desempenho nas FTs. Destes profissionais, 11 têm o curso de Busca e Resgate em Inundações e Enxurradas.
Na próxima semana, o Centro de Referência em Desastres Urbanos, em Xanxerê, recebe mais uma turma do Curso de Intervenção em Áreas Deslizadas, preparando mais
profissionais das FTs para atuação nessa área.
Autonomia
As FTs são autossuficientes. Possuem equipamentos, alimentação, alojamento e recursos próprios, permitindo que a logística e o deslocamento sejam mais rápidos, quando
uma equipe é acionada. Cada FT possui um comandante e um subcomandante, que obrigatoriamente são oficiais militares e responsáveis pelo gerenciamento da equipe.
“As nossas equipes são uma referência nacional para atendimentos em casos extremos, já que Santa Catarina tem uma característica climática que exige treinamento
diferenciado. Outras corporações acionam as nossas FTs por saberem dessa capacidade catarinense, como foi o caso mais recente de Brumadinho, em que ficamos por mais de
50 dias”, conta o comandante-geral do CBMSC, coronel Charles Alexandre Vieira.
Além da estrutura própria, as FTs são combinadas com outras áreas da corporação, garantindo que a atuação seja completa. Geralmente a parceria acontece com as áreas de
Cinotecnia, os chamados binômios - dupla entre bombeiro militar e cão de busca; com as aeronaves do Batalhão de Operações Aéreas; e também com a área de aeronaves não
tripuladas, os drones.
Quando uma Força-Tarefa é acionada
As FTs são chamadas quando a capacidade de atendimento de um local é atingida. Também é comum que a Força-Tarefa de uma região se desloque para outra, caso exista a
necessidade de reforço.
“Embora quando se fale em situações extremas as pessoas logo pensem em chuvas e deslizamento de terra, as FTs também atuam em situações de salvamento em altura,
incêndios florestais, ou de grandes proporções, desabamento de estruturas, como prédios, entre outras situações. As Forças-Tarefa são um grande reforço da corporação”,
complementa o subcomandante.
Treinamentos
Para que as respostas sejam rápidas e se tenha mais precisão nas ocorrências, o CBMSC mantém uma rotina de treinamentos, simulando situações reais. Com isso, além de
garantir o ritmo das equipes, traz a possibilidade de avaliação dos profissionais e métodos, verificando os pontos que podem ser aprimorados. Assim, o Subcomando Geral
tem controle de quais são as equipes ideais para serem empregadas em cada situação.
Isso tudo garante que possa ser treinado também o trabalho em equipe, a parte de logística e o comando das operações, fazendo com que todos estejam sempre prontos para
atuar.
O último exercício simulado, envolvendo todas as FTs, foi realizado nos dias 17 e 18 de junho, em Criciúma e foi voltado para o treinamento de intervenção em áreas
deslizadas. Para as equipes, o teste começou desde a saída das cidades de origem, a chamada mobilização, passando pela ação, que durou a madrugada toda, até o retorno,
o chamado desmobilização. Tudo isso faz parte da avaliação.
Foi montada uma estrutura completa, de deslizamento de terra, criando um cenário de uma noite de chuva. Ainda foi estruturado o sistema de comando de operações (SCO) e
também funcionou o Autoposto de Comando (APC), que é uma unidade móvel e permite o acompanhamento da operação e gerenciamento da situação com a tecnologia necessária.