O sonho de um Porto Seco em Criciúma ganhou novo capítulo na noite desta sexta-feira, 25. A audiência pública realizada pela Câmara de Vereadores na sede do Sest Senat encaminhou as solicitações de verbas aos governos Municipal, Estadual e Federal, para o asfaltamento de 3 mil metros de ruas e melhorias no acesso ao local.
A audiência foi solicitada pela Comissão de Obras da Câmara de Vereadores e contou com a presença de lideranças empresariais, representantes de alguns deputados do sul catarinense e vereadores de Criciúma.
Ficou determinado que cada entidade empresarial defina como pode ajudar na elaboração e conclusão do projeto de pavimentação das vias, considerado essencial para a instalação de fato do Porto Seco, em um espaço no bairro São João, margeado pela rodovia Antônio Darós, trilhos da Ferrovia Tereza Cristina (FTC), o município de Içara e a Via Rápida.
Cerca de 50 empresas, entre transportadoras e indústrias que poderiam instalar sede na área, de mais de 580 mil metros quadrados, já manifestaram interesse em ocupar o local, caso o poder público inicie as obras de pavimentação nas vias internas.
O projeto existe desde o começo da década de 90, mas nunca houve a liberação da verba para a pavimentação e melhoria no acesso ao local. A estimativa é de que R$ 6 milhões sejam suficientes para a execução das obras.
Melhoria na mobilidade
A ideia central do Porto Seco é ter um grande ponto de embarque e desembarque de cargas pelos modais terrestres, tanto rodoviário como ferroviário. Cada empresa teria seu próprio local de cargas; indústrias poderiam também operar no Porto, produzindo os materiais já no local de escoamento.
O presidente do Setransc, Lorisvaldo Piuco, admitiu que o sindicato está disposto a dar contrapartidas à prefeitura caso seja executado o plano de pavimentação das vias, através de doações de terrenos no Porto Seco.
"Precisamos alavancar essa ideia no município. Nós empresários estamos dispostos a fazer a nossa parte. Podemos doar terrenos e também investir na infraestrutura, caso a prefeitura dê início às obras. O Porto Seco acaba sendo um ganho para o município também, porque evita que caminhões causem danos nas ruas do centro da cidade e também traz um ganho social, porque gera empregos", falou Lorisvaldo.
Acesso
Tão importante quanto a pavimentação é a melhoria no acesso ao Porto pela rodovia Antônio Darós. Não existe uma rotatória no local e o ponto de entrada é no começo de um declive, sendo bastante perigoso o acesso.
A avaliação de Moacir Dagostin, presidente da Acic, é de que o momento é propício para que essas obras sejam tiradas do papel. "São mais de 20 anos desse projeto no papel. Nós temos que criar essa área industrial e a cidade do transporte. Não tem porque esperar mais, nós temos as condições políticas para isso.
Apoio estadual e federal
Como o município não demonstra inclinação de financiar a obra, a alternativa é buscar apoio estadual e federal. O representante do governador do Estado na audiência foi o superintendente do Deinfra, Gustavo Taufembach. Ele comprometeu-se a lutar pelo projeto e apresentá-lo ao governo.
"O transporte intermodal é muito importante. Aqui tem a Via Rápida, tem a ferrovia que liga ao transporte hidroviário; essa interligação traz desenvolvimento. Vou trabalhar para que juntos possamos concluir essa obra, com todos os benefícios que elas trarão", falou Gustavo.
Representantes de deputados e senadores também prometeram levar as demandas. A ideia é conseguir parte da verba através de emendas parlamentares, estaduais e federais. Os vereadores também avaliarão a possibilidade de incluir cerca de 20% do valor do projeto no orçamento municipal do ano que vem.
"A prefeitura diz que não tem condições de bancar essa obra. Fizemos este encaminhamento: que a Acic e FTC coloquem no papel como podem ajudar financeiramente, que os deputados se comprometam em colocar emendas. O sindicato coloque no papel que vai doar os terrenos", determinou o presidente da Comissão de Obras da Câmara, Salésio Lima.
Sest Senat
O serviço social de transportadores já ocupa o local desde 2007. Entre serviços médicos, sociais de lazer e cursos preparatórios, já atendeu mais de 450 mil pessoas nestes 12 anos. A avaliação do Sest Senat é de que há capacidade para aumentar esses atendimentos, mas o Porto Seco precisa de melhorias na infraestrutura. Há reclamações da falta de segurança ocasionados pela ineficiência do transporte coletivo até o local, falta de iluminação e acesso pela rodovia.