Após toda a repercussão do caso da morte da jovem Thamily Venâncio Ereno, de 23 anos, durante uma ação policial em Criciúma, o delegado regional de Polícia, André Milanese, partiu em defesa da corporação, durante entrevista ao Programa Adelor Lessa, na manhã desta terça-feira (25). "Foi uma situação indesejada, inesperada, uma tragédia que aconteceu, mas infelizmente ela decorreu de uma operação policial que, no entendimento da polícia civil, foi de forma correta", conta Milanese.
A ação policial ocorreu na tarde da última sexta-feira (21), no Bairro São Sebastião, e visava a prisão do namorado da vítima, de 20 anos, que possuía um mandado de prisão em seu desfavor, por tráfico de drogas. "O namorado de Thamily era apontado como um grande traficante e uma liderança da facção criminosa PGC, que é uma facção criminosa que aterroriza os bairros da cidade", afirma o delegado.
"Semanas atrás, a Polícia Civil fez uma grande operação na cidade, cumprindo vários mandados de busca e apreensão em casas de traficante, pessoas envolvidas com o PGC e uma das casas foi a casa do namorado de Thamily. Os mesmos policiais civis da DECOD que fizeram a abordagem na sexta-feira, estiveram na casa do suspeito, apreenderam objetos e, com base nesses objetos que foram apreendidos, as provas que foram produzidas naquela investigação, o Poder Judiciário de Cristiúma expediu o mandado de prisão", explica.
Após investigações, a Polícia Civil descobriu que o suposto traficante poderia ser encontrado na casa de seu pai, na localidade do Morro da Formiga, no Bairro São Sebastião. "Naquele início de tarde, eles montaram uma operação para prender o jovem. Ficaram em duas viaturas de policiais, viaturas descaracterizadas, como uma diligência é obrigada a ser, posicionadas próximas da casa do pai do jovem. Em cada viatura, dois policiais civis da DECOD", elabora.
Segundo Milanese, Thamily não havia sido avistada no banco de trás do veículo no momento da abordagem. "Até então, ninguém tinha visto que tinha uma terceira pessoa no carro, porque o carro, na parte de trás, tinha película. Então os policiais entenderam e fizeram a forma correta. A viatura que estava na frente do carro trancou a rua, para que o carro não fugisse para a frente, e a viatura que estava na rua de trás veio e trancou a rua pela parte de trás", informa.
Durante a operação, os policiais estavam à paisana, assim como em boa parte das investigações realizadas pelos profissionais. "Infelizmente o bairro São Sebastião é um bairro um pouco crítico, tem um certo tráfico de drogas. Então se uma viatura fica ali parada, os moradores verificam que as pessoas no carro são policiais, usando a camisa da polícia, essa diligência seria inócua", aponta o delegado.
Após os disparos, a Polícia Civil efetuou a prisão do namorado de Thamily. Além disso, o motorista de aplicativo foi preso em flagrante pelo crime de tentativa de homicídio, por ter dado ré em direção aos policiais. "Entendi que esse motorista cometeu dois crimes, o crime de desobediência, porque não obedeceu a ordem dos policiais, e o crime de tentativa de homicídio por ter atentado contra a vida do policial, ele foi atuado em Flagrante por esses dois crimes", destaca. Em seguida, a prisão do condutor foi homologada, sendo transformada em preventiva.
Afastamento da policial
Por decisão da Polícia Civil, a profissional que efetuou os disparos segue no cargo, pois entendeu que ela agiu em legítima defesa durante a abordagem. "Os procedimentos policiais foram os corretos, mas que infelizmente o resultado alcançado não foi o desejado", diz Milanese. "Todas as pessoas são suscetíveis a um momento de estresse e não executarem de forma correta um disparo, é uma arma de fogo que tem recuo, é um momento de estresse. Ninguém está aqui querendo passar pano que não aconteceu, houve uma tragédia, algo inesperado. É muito fácil criticar a polícia, a polícia está realizando seu trabalho, prendendo uma pessoa, utilizando as práticas policiais adequadas para o momento", adiciona.
Apesar da opção de Milanese, a definição da situação da policial ficará a cargo do Poder Judiciário. "O Poder Judiciário vai decidir ao final se realmente houve uma tentativa de homicídio e ela agiu por legislação de defesa, ou houve um extrapolamento da ação dela e ela possa vir responder pelo crime de homicídio culposo ou consumado. Ela pegou alguns dias de folga, mas ela vai continuar trabalhando, porque no entender da polícia, ela agiu dentro da lei", finaliza.
Ouça, na íntegra, a entrevista do delegado André Milanese sobre o caso: