No Extremos Sul do estado muita gente tirou o carro da garagem na manhã dessa sexta-feira, 11, para tentar abastecer com o preço antigo, mas sem sucesso. Na região o valor do litro da gasolina que antes era R$ 6,29 chegou hoje na casa dos R$ 7. A alta do diesel foi ainda maior, 24,9% nas refinarias, deixando o valor nas bombas em torno de R$ 6,26. Diante disso vem o efeito inflacionário em cascata e a preocupação dos setores produtivos.
“Infelizmente vai ter um impacto para praticamente toda a população. Todos os bens que consumimos, inclusive os alimentos, dependem do transporte rodoviário. Mais uma vez os mais pobres vão ser mais impactados proporcionalmente”, afirma Alberto Sasso de Sá, presidente da Associação Empresarial de Araranguá e Extremo Sul do Estado (Aciva).
O presidente da Aciva também comenta que os constantes aumentos no preço dos combustíveis estão criando uma crise na economia local, em maiores ou menores proporções, dependendo das transações comerciais e da distância entre mercados. “Nós temos algumas grandes transportadoras aqui no extremo Sul, além disso nós temos indústrias que escoam para praticamente todo o Brasil, principalmente aquelas que negociam com o Norte e o Nordeste brasileiro, têm um impacto muito grande em relação ao aumento dos combustíveis e isso infelizmente vai ser repassado para o consumidor de médio a longo prazo. No final mais uma vez é o consumidor que vai pagar essa conta”.
Para ele é hora de algumas mudanças para tentar estabilizar a variação de preços. “Os políticos tomam muitas medidas simples para assuntos complexos e o assunto dos combustíveis é muito complexo. Hoje nós temos a Petrobrás com o monopólio a nível Brasil, mas ao mesmo tempo, ela vem cobrando o preço internacional, que a gente entende que é o correto até mesmo para não termos que pagar a conta mais à frente. Porém, os políticos querem através de uma canetada baixar automaticamente o preço dos combustíveis. Mas seja como for, o valor terá que ser regulado pelo mercado, caso contrário, muitas vezes os mais pobres vão estar pagando, inclusive aqueles que nem usam carro, afinal tudo tende a subir. Está no momento de já começarmos a discutir uma privatização da Petrobrás e abrir o mercado. Não adianta privatizar e ficar na mão de poucas empresas. Se tiver uma legislação para manter na mão de diversas empresas sabemos que a concorrência faz o preço baixar. Isso pois, os custos daquele que concorre têm que baixar. Tem que trabalhar diariamente para ser competitivo. Não vai ser através de uma medida ou de outra que vamos conseguir resolver o problema”, pondera Beto Sasso.
O empresário também comenta o grande interesse dos estados. “Hoje a principal fonte de arrecadação dos estados é o ICMS que incide sobre os combustíveis, então é um assunto complexo que precisa ser debatido e principalmente resolvido o quanto antes, mas não de uma forma tão simples”.
E finaliza dizendo que os empresários do setor de combustível também sofrem os impactos. “Muitas pessoas acham que a maior parte do lucro está nos postos de combustíveis. Na verdade, o que a gente conversa com diversos empresários do setor, e eles nos mostram através de números é que a margem de lucro deles é cada vez mais apertada quando o combustível é mais caro. Boa parte a gente sabe que vai para impostos e a menor fatia fica realmente para os empresários”.