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Bastidores: os boleiros da Copa Davis

Jovens de Criciúma prestaram o serviço semelhante ao de gandula na Copa Davis e revelam a dinâmica com os atletas

Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 15/09/2019 - 17:10 Atualizado em 16/09/2019 - 12:45
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

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Todas as atenções aos jogadores; assim é o esporte. No tênis, não é diferente. Mas, como em todo os outros esportes, o espetáculo só acontece graças a outras pessoas, que trabalham incansavelmente para que tudo ocorra da melhor forma.

No futebol, o boleiro é o cara que joga, o protagonista. No tênis, a palavra tem outro significado. Os boleiros são como os gandulas, mas tem um papel ainda mais importante. "Os boleiros passam invísiveis quando são bons. Quando são ruins, o árbitro tem que parar o jogo toda a hora pra pedir bola. Quando são bem treinados como aqui eles não aparecem", afirma o coordenador dos boleiros da Copa Davis, Agostinho de Carvalho.

Agostinho tem uma empresa especializada no serviço em São Paulo. Ele é contratado pela Confederação Brasileira de Tênis para prestar o serviço em todas as competições de tênis em solo nacional. Para essa Copa Davis, Agostinho fechou uma equipe toda catarinense, com dois boleiros mais experientes de Florianópolis e dez de Criciúma. 

O trabalho de preparação foi todo feito em dois dias, com mais de três horas de treinamento diário aos boleiros. A idade varia de 14 a 21 anos, mas todos os escolhidos por Agostinho jogam tênis; nessa Copa Davis, foram selecionados especialmente competidores pelo Mampituba.

Ser boleiro de uma Copa Davis é visto como uma grande oportunidade para os jovens que praticam o esporte. "Jogo tênis desde pequeno, meu pai é professor. É um esporte que eu tenho muita admiração, provavelmente minha vida vai ser sempre ligada ao tênis, especialmente trabalhando. Estar na Davis foi um aprendizado que eu tive, como boleiro, mas também na parte técnica dos atletas. O nível profissional é completamente diferente e estar dentro da quadra é uma emoção diferente", celebra João Vitor, 18 anos, que usualmente trabalha em torneios de tênis na Sociedade Recreativa Mampituba.

Os desafios

Se é uma oportunidade, ser boleiro também é, evidentemente, um desafio. O trabalho de recolher bola e devolver aos jogadores acaba sendo importante para o ritmo da partida. Além, os boleiros tem o contato direto com os atletas: o entrosamento é fundamental.

Os jogadores já entendem a função e costumam ter boa relação com os boleiros. Agostinho conta que o nervosismo pode ser um fator que atrapalha a função. "O maior problema é o boleiro tremer, pelo nervosismo do jogo. Quando é jogador de renome, então... Eu fiz jogo do Nadal, todos os boleiros queriam trabalhar no jogo do Nadal. Chegou na hora do jogo, muitos tremiam", relembra.

Preparação para a Copa Davis

Foram dois dias de treinamentos, com mais de 3 horas diárias. Dentro de quadra ficavam seis boleiros, com seis na espera; a troca era feita de 45 em 45 minutos. "Em torneios abertos, a gente faz uma seleção, eu treino muitos e escolho os melhores. Para a Davis, pedi um grupo fechado, com jovens que já praticam o tênis", explica Agostinho

"Foi muito bacana, eu estava dentro da quadra, em contato com os jogadores, ajudando eles. Foi uma experiência muito legal que eu nunca vou esquecer. Achei que seria difícil no começo, mas foi ficando mais tranquilo. A gente viu que era só prestar bastante atenção. Vai ser uma experiência que eu vou levar sempre comigo. Fazer parte do jogo, isso é muito legal", relata Maria Gabrielle Dias Vitoriano, 15 anos, atleta juvenil que atua no Mampituba.

Relação com os jogadores

O nervosismo dos boleiros pode atrapalhar o andamento das partidas. É um relacionamento complexo; os jovens muitas vezes estão frente a frente com os maiores ídolos e tem que prestar o serviço sem equívocos. Os jogadores entendem isso; muitos usam a experiência para acalmar a situação.

O número 1 do mundo, Novak Djokovic, é um caso especial. Em um torneio da ATP, ele protagonizou um dos seus muitos momentos de descontração na quadra: segurou o guarda-sol e entregou a raquete ao boleiro. 

Na Copa Davis, nenhum momento extravagante assim foi testemunhado. Mas os boleiros de Criciúma levarão para a vida a experiência e o aprendizado. "Já que meu grande sonho é participar de um grande torneio como atleta, vi que como boleira eu teria uma experiência válida para o meu futuro. Estar ao lado dos jogadores, tendo contato com eles, assistindo os treinos, vendo os jogos de dentro da quadra, ouvindo a experiência dos atletas, me mostrou que é isso que eu realmente quero, ser uma grande atleta e um dia participar de uma Copa Davis", pontuou Maria Gabrielle.

"É uma coisa muito diferente, porque a gente não podia torcer, se estressar. No tie-break do segundo set (no jogo decisivo entre Thiago Monteiro e Darian King) tava todo mundo torcedo a cada ponto. Às vezes a gente dava uma escapada, fechava a mão e comemorava atrás do pessoal", revela João. "Eu me senti bem acolhida pelos atletas, por eu conseguir me comunicar em inglês, os atletas de Barbados conversaram muito comigo. Os brasileiros também foram bem atenciosos quando eu estava em quadra trabalhando, foi um relação de companheirismo, me senti parte das equipes", completa Maria.

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