O cabeleireiro Luan Pablo Rabelo, morador de Araranguá, foi mais uma pessoa vítima de homofobia no Brasil. Ainda neste sábado, 24, o jovem de 18 anos estava passando pelo calçadão da cidade do extremo sul catarinense quando acabou sendo agredido verbalmente por um comerciante local, que lhe xingou inúmeras vezes.
O caso foi filmado e postado nas redes sociais, ganhando certa repercussão nas mídias e alcançando quase 50 mil visualizações no Instagram. Em entrevista nesta terça-feira ao programa Conexão Sul, da Rádio Som Maior, o cabeleireiro deu mais detalhes sobre o caso.
“Eu saí do trabalho sabendo que tinha um indivíduo agressor no calçadão, porque dois amigos meus já passaram por uma situação constrangedora de humilhação e ataques homofóbicos com ele, ameaçados de apanhar na rua, foram perseguidos por esse cara. Quando eu saí do trabalho, só passei por ele e ele começou a me esculachar, falou coisas horríveis tais como: seu viadinho, sua bicha, boiola, tu merece morrer. Me ameaçou de morte, porque ele sabe onde eu moro, e disse que eu não devia estar ali fazendo ‘aqueles gestos todos’, sendo que não teve gesto nenhum, mas é que nosso jeito incomoda muita gente”, comentou.
Após ter passado pelos xingamentos, Luan foi almoçar em um restaurante próximo. Na volta, sabendo que poderia passar pela mesma situação ao cruzar novamente com o comerciante, ele pediu para que o namorado de sua amiga filmasse a situação, já com o intuito de expor as agressões na internet.
“Dito e feito. Quando passo novamente na frente dele, ele me ameaça, me xinga, me discrimina e me humilha na frente de todo mundo. Falou que ia pagar gente para me bater, me chamou de verme e doente, dizendo que isso era uma doença e que eu tinha que ser internado”, declarou Luan.
Além de ter publicado o vídeo em seu perfil no Instagram, juntamente com uma explicação sobre o ocorrido, Luan também registrou um boletim de ocorrência que, segundo ele, já foi despachado para o juiz. O cabeleireiro reconheceu o comerciante, conseguiu o número dele e verificou que o mesmo já contava com passagens pela polícia como agressor, mas que não tinha sido identificado na situação vivenciada por seus dois amigos.
“Eu quero depor sim, quero ter esse depoimento contra ele. Tem gente que baixa a cabeça. Eu to procurando os meus direitos, já conversando com o meu advogado sobre”, pontuou.
Vítima de violência ainda quando criança
Desta vez, a homofobia sofrida por Luan envolveu apenas agressões verbais. No entanto, quando criança, aos 12 anos de idade, o jovem chegou a ser agredido fisicamente após ter sofrido diversos tipos de ameaças.
“Há cinco anos eu passei por uma situação em que houve uma ameaça, um comentário qualquer, e eu acabei não dando muita bola. Mas um dia, na saída da escola, realmente houve uma agressão física onde abrangeu um monte de problemas, porque acabei tendo uma hérnia testicular, por ter recebido um chute. Me chamaram de tudo, falaram que eu deveria morrer também, me chamaram de viado e mais um monte de palavrões. Fui encontrado desmaiado, fui socorrido e levado para o hospital”, relembrou.
Luan explica que, na época, era muito novo e não tinha muito conhecimento sobre casos de homofobia, que ainda não era crime no Brasil. Por não ser assumido na época, ele destaca também que não teve como falar à sua mãe que foi agredido por ser gay e, assim, os agressores saíram impunes.
“Hoje eu prefiro bater de frente com uma situação dessa, encarar a justiça e ir para frente. Quero pedir que as pessoas tenham mais conscientização, que tenham mais respeito e empatia, se colocar no lugar do outro. É complicado, porque imagine se fosse seu filho, irmão, irmã, mãe, tia ou uma pessoa que você ama. Você não quer que essa pessoa passe na rua e seja vista com nojo, seja discriminada e humilhada. Somos seres humanos, queremos respeito e sossego”, afirmou.
Confira o vídeo do caso ocorrido neste sábado, em Araranguá: