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Com a produção em custo cada vez mais elevado, a demanda reprimida pela super oferta e a escassez de oportunidades para exportação, os suinocultores estão desesperados. Sinal disso está claramente dado pelo protesto inusitado agendado para a próxima terça-feira (29), a partir das 9h30min, quando os produtores estarão distribuindo carne na Praça Padre Roer, defronte à Igreja Matriz, em Braço do Norte.
"Queremos chamar a atenção do resto do estado e do Brasil para essa situação que é desesperadora", definiu o secretário de Agricultura de Braço do Norte, Adir Engel, que está auxiliando na articulação do movimento, que é liderado pela Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Núcleo Regional de Suinocultores de Braço do Norte e Região, Sindicato Rural e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Braço do Norte.
"Nosso maior problema é o excesso de produção. Todos acharam que a China compraria a nossa carne em abundância e começaram a produzir muito. Achavam que nossa produção seria comprada em grandes volumes pela China até 2025, mas isso não está acontecendo", contou Engel. "Sem essa super exportação, muitos aumentaram suas produções sem planejamento e não tem para quem vender agora. Estamos há meses com a carne em oferta e não há para quem vender", detalhou.
O endividamento dos suinocultores, somado aos altos custos dos insumos, como o milho e a soja, estão colaborando para a aflição da categoria. "Nesse ritmo, 60% a 70% dos pequenos suinocultores devem sair do ramo nos próximos meses se uma providência não for tomada. Mas não adianta somente isso acontecer, é preciso que ao menos uma linha de crédito especial seja oferecida para que esses produtores passem a outras atividades", apontou Engel, que também é membro da ACCS.
Uma cadeia afetada
O secretário calcula que, somente em Braço do Norte, existem 27 estabelecimentos ligados ao segmento. "É uma cadeia importante, que envolve também a matéria prima, o cerealista, a agropecuária. Se a crise continuar e esse percentual fechar, o impacto econômico vai muito além do que se imagina", destacou. Engel ponderou que a notícia que circula nas últimas horas, de que o Governo do Estado planeja aumentar o ICMS para 12% sobre a carne suína, fez aumentar a preocupação. "Hoje, pagamos 7%, e já é elevado. Se vier essa correção, vai resultar em impacto de até 5% na cesta básica, pois esse percentual se aplicará também a outras culturas, como arroz e feijão", advertiu.
Além de alertar para a difícil situação enfrentada, o protesto insólito visa incentivar o consumo da carne suína pela população. Cálculos da ACCS apontam que o prejuízo atual do suinocultor independente passa dos R$ 300 por animal vendido. Atualmente, o quilo do suíno vivo gira em torno de R$ 5, enquanto o custo de produção passa de R$ 8.
"Até há um bom momento para as exportações", ponderou o presidente da ACCS, Losivanio de Lorenzi. "Mas o suinocultor está quebrando na granja", referiu. "O governo precisa agir, a situação está insustentável e vamos tornar públicas as nossas demandas com força", observou. Losivanio lembrou que Braço do Norte tem a maior concentração de suinocultores independentes de Santa Catarina.
