A defesa de Renata Manique Barreto continua pregando a inocência da nutricionista, indiciada no caso dos desvios de carne da Afasc. De acordo com a advogada Priscila Serafin Proença, apesar da manifestação pública do delegado Túlio Falcão, que concluiu o inquérito e apontou 15 toneladas de carne desviadas, além de sete pessoas envolvidas, ainda faltam documentos e depoimentos nos autos do processo.
Assim, a linha de defesa não teria como sofrer alteração alguma. "O delegado deu entrevista, falou a respeito, mas está bem parcial no sentido de conteúdo. Estão faltando páginas nos autos do processo que temos acesso, não tem depoimento de pessoas que serviram de testemunhas e nem dos indiciados. Depois que os documentos forem disponibilizados, poderemos saber o que houve", apontou Priscila.
De acordo com a advogada, Renata garante que não houve nenhum desvio, pelo menos da parte dela. O inquérito da Polícia Civil indiciou a nutricionista e uma taxista, amiga de Renata e que seria a responsável pelo transporte das carnes, por peculato e receptação qualificada. O delegado também destacou que a acusada deu duas versões ao fato: a primeira negando que teria vendido carnes e a segunda afirmando que vendeu carnes no âmbito particular, sem qualquer relação com as compradas pela Afasc.
"O primeiro depoimento foi no dia da prisão, ela estava abalada e nem tinha conversado comigo direito. Uns dias depois, quando ela inclusive foi medicada, depois de se acalmar, ela começou a contar a história. É o que foi esclarecido no segundo depoimento: a cooperativa ofereceu a carne que era ponta de estoque e a ideia era que ela revendesse essas carnes, que não eram desviadas da Afasc", detalhou Priscila.
A advogada ainda acrescentou que a taxista entrou no negócio posteriormente, quando Renata estava desistindo de vender as carnes por não ter muitos clientes. "Ela começou a vender e não deu muito resultado no começo, porque ela não conhecia muita gente. Ela pediu ajuda para essa taxista que era amiga dela, a taxista frequentava uma igreja e começou a revender para pessoas da igreja", acrescentou Priscila.
Essa carne, que não teria nenhuma relação com a Afasc e seria um excedente da própria cooperativa, na versão da advogada de defesa, era vendida inicialmente por volta de R$ 5 o quilo, com metade do valor indo para Renata.
Sobre as 15 toneladas divulgadas pelo inquérito da Civil, Priscila não sabe dizer qual seria a origem. "Não sei como o delegado chegou nesse cálculo, não tem os documentos nos autos disponíveis. De qualquer forma não foi a Renata quem desviou. Pode ter sido outra pessoa da Afasc", especulou a advogada.
A reportagem procurou Renata, que preferiu não se manifestar, segundo ela própria, por recomendações médicas. A defesa da taxista indiciada prometeu falar no fim da tarde desta terça-feira.
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público Federal, que pode definir pela denúncia aos envolvidos - sete no total, as duas por peculato e receptação e outros cinco proprietários de restaurantes que teriam comprado a carne, indiciados por receptação -, solicitar nova investigação ou até mesmo pelo arquivamento parcial ou total.