A paralisação dos campeonatos estaduais por conta da pandemia do coronavírus afetou os pequenos clubes do futebol brasileiro. Por meio de conferência virtual em um grupo de aplicativo de mensagens, dirigentes formularam uma carta de reivindicações em que pedirão à CBF o pagamento mensal de R$ 75 mil, durante dois meses, para conseguirem suportar os efeitos da paralisação do calendário. Os clubes pedem ainda isenção em taxas relativas às transações de atletas junto às federações locais e à Confederação Brasileira de Futebol.
Em Santa Catarina, apenas os clubes sem divisão no futebol brasileiro assinaram o documento, Concórdia e Juventus. Tubarão, Joinville e Marcilio Dias estão no grupo da Série D, mas observando e apoiando a manifestação.
O presidente do Concórdia, Jonas Guzzatto, informou por intermédio da sua assessoria que "o clube está apoiando o movimento, por que entende que os clubes vão sofrer e muito com a pandemia nos próximos meses". Para o superintendente de futebol do Juventus, Renê Marques, "a prioridade é solucionar a perda de atletas". "Nos dias 29 e 30 de abril teremos a baixa automática de 23 atletas. Entre as várias conversas entre os dirigentes, a possível data de retorno do catarinense, calculam para o dia 6 de maio, isso se as autoridades de saúde autorizarem, caso contrário o prejuízo só aumenta, por isso o pedido de auxílio financeiro a CBF, o valor de R$ 75 mil, ameniza, mas não é o suficiente", comentou.
Renê Marques citou que jogar com portões fechados “é prejuízo para todos, clubes, federação e torcedor. Como explicar para aqueles que se dedicaram, para comprar o sócio torcedor, comunicando que ele não pode entrar no estádio, pois tem que terminar a competição com portões fechados. Isso não é justo pra ninguém”, lamentou. O Atlético Tubarão manifestou apoio à mobilização dos demais clubes sem série. "O pedido dos clubes de forma unanime solicita que receitas das séries A e B sejam divididas com as séries C e D. A CBF só paga a arbitragem e a logística, em tempos de crise, com receita zero, a entidade máxima do futebol brasileiro poderia fazer uma divisão justa com os clubes que buscam se firmar no cenário esportivo nacional, caso do Clube Atlético Tubarão, reiterou o diretor executivo João Alberto Zapolli.
Confira abaixo a "Carta dos Clubes do Brasil":
Em conferência virtual realizada na tarde deste domingo, 29 de março de 2020, nós presidentes dos clubes abaixo relacionados pactuamos:
1 – A crise sanitária porque passa o Brasil em face da pandemia do Coronavírus é gravíssima com agudas consequências para todos os segmentos da sociedade, entre estes o futebol profissional;
2 – Os clubes brasileiros têm sido parceiros nas medidas de prevenção e combate ao coronavírus e consequentemente na preservação da vida e assim permanecerão adotando medidas baseadas na ciência seguindo orientação de profissionais de saúde, autoridades governamentais, sanitárias e instituições ligadas ao esporte;
3 – Os 250 clubes signatários desta carta, que disputam os campeonatos estaduais, todos com atividades paralisadas, são responsáveis por mais de 7,5 mil postos de trabalho diretos no país, razão pela qual reivindicamos apoio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no valor de R$ 75 mil mensais, por dois meses, para fazer face às despesas atinentes aos contratos em vigência;
4 – Isenção de taxas cobradas por Federações e CBF na inscrição de atletas, rescisões de contratos, taxa anual de clubes e outras taxas.