Estabelecimentos fechados, ruas vazias, eventos cancelados e, além de toda a apreensão e preocupação das pessoas com os impactos do Covid-19 na saúde de cada um e nos sistemas de saúde de todo o mundo, outra questão traz constante preocupação: o reflexo de tudo isso na economia. Diante da necessidade de prevenção à saúde, a questão é vista como secundária, é claro, porém segue sendo acompanhada de perto por especialistas e pela comunidade em geral que teme o que pode acontecer após a pandemia.
A situação, conforme o professor e coordenador do curso de Ciências Econômicas da Unesc, Amauri de Souza Júnior, exige, de fato, preocupação não só de empresários e investidores, mas de todos. A gravidade do vírus que atingiu inicialmente a China, de acordo com Amauri, foi recebida com surpresa em janeiro de 2020, com a descoberta de novos casos, e afetou de forma violenta as bolsas de valores. “Se considerarmos do início do ano até este momento já temos uma queda de 35% acumulado. O dólar chegando ao patamar de R$ 5 também era algo que não se podia imaginar”, salientou.
As medidas nacionais e internacionais anunciadas com o objetivo de conter ou minimizar os impactos da crise que está por vir, conforme o professor, podem ser válidas, porém o cenário econômico neste momento ainda mostra muitas indefinições, assim como na área da saúde.
As definições anunciadas pelo Conselho Monetário Nacional, de acordo com Amauri, permitem que as empresas e famílias consigam repactuar suas dívidas nos próximos meses com o objetivo de ter uma folga em seu fluxo de caixa. “Conseguimos observar que existe algo em torno de R$ 3,2 trilhões que seriam passíveis de serem repactuados com essa medida”, aponta.
O reflexo de toda a situação mundial, na opinião do professor, será sentido por todos. Apesar de o momento ser de cautela em todos os sentidos e o objetivo não ser criar um pânico ainda maior, de acordo com ele, ainda não é possível agir com otimismo. “Não podemos ser otimistas ou até ingênuos ao ponto de pensar que a economia vai se recuperar rapidamente. É algo que não temos como prever. O fato é que não sabemos ainda onde está o fundo do poço. Neste exato momento estamos tomando decisões com o objetivo de frear, achatar a curva de contágio e o impacto. Vamos aguardar e torcer pelos menores impactos possíveis”, completa.