No ano de 2017, foi realizada em Criciúma a segunda edição da Meia Maratona Caixa Criciúma. Ao todo, foram 1032 participantes inscritos para as provas de cinco, dez e 21 quilômetros de corrida e cinco quilômetros de caminhada. Em meio a esse público, estava a defensora pública Ludmila Pereira Maciel. Acostumada a participar de provas do estilo, a atleta, natural de Minas Gerais, e morando a Criciúma há três anos resolveu encarar a prova dos cinco quilômetros, mas a decisão não foi simples.
Participando de um grupo de treinamento para corredores que iriam disputar a Meia Maratona, a defensora pública vinha se preparando há meses para superar o desafio. Só que a cada treino via que seu tempo ficava menor, ficou preocupada com o desempenho e desconfiou de uma gravidez. Um chute certo.
“Ainda me lembro que a prova era no dia 29 de outubro e no dia 27 fiquei sabendo da que estava grávida”, revela Ludmila. Preocupada com a vida que estava se formando em seu ventre, confessa que pensou algumas vezes se iria realmente calçar os tênis e correr para vencer os cinco quilômetros. “Conversei com meu treinador e ele me disse que algumas grávidas já haviam corrido algumas maratonas, inclusive com barrigão. Então resolvi ir mesmo assim”, declara.
Dois troféus para Ludmilla
Na época, a gravidez era de aproximadamente seis semanas. Ludmila não sabia ainda que daria à luz para uma linda menina, hoje com três meses de idade, de olhos claros e que recebeu o nome de Ágata Maciel Massaneiro. Mesmo com a filha na barriga, a defensora pública conseguiu ficar com o quinto lugar geral feminino dos cinco quilômetros.
“Eu me segurei no início da prova, mas depois na emoção da prova acabou subindo a adrenalina e aumentei meu ritmo. Talvez se eu não tivesse a insegurança no início, tivesse tido um desempenho melhor”, brinca Ludmila. Mas ao cruzar a linha não foi possível segurar a emoção. “Aí eu não me aguentei e caí no choro. Foi uma motivação a mais para conseguir completar a prova. Posso dizer que com o resultado ganhei dois troféus, a dos cinco quilômetros e a minha gravidez”, comenta.
No dia 16 de setembro, as duas de novo na 3ª Meia Maratona
No ano passado, nem todo mundo sabia que Ágata correu os cinco quilômetros na barriga da mãe. “Eu não contem pra ninguém da minha família sobre a gravidez. Só depois. Alguns se surpreenderam, mas deu tudo certo”, lembra Ludmila. Neste ano, as duas estarão novamente participando da Meia Maratona, no dia 16 de setembro, em busca de mais cinco quilômetros, mas dessa vez com toda a família de acordo.
“Aquela prova do ano passado foi a última de corrida que participei. Com o nascimento dela, estou voltando aos poucos a me dedicar ao esporte. Então esse ano resolvi levar ela comigo. Vou fazer os cinco quilômetros de caminhada e a Ágata vai no carrinho durante o percurso”, conta a mãe atleta.
Um motivo especial
A ideia de levar a menina para participar da prova neste ano tem uma explicação. “Foi um momento marcante na minha vida”, diz a defensora pública. Acontece que, no momento em que Ludmila cruzou a linha de chegada em 2017 foi registrada pela lente da fotógrafa Giseli Trento, da Foco Radical, fazendo um sinal da vitória com uma das mãos e a outra apontando para a barriga.
O que ninguém esperava a surpresa ao ver o resultado da foto. “Foi muito simbólico. Quando vi não acreditei, mas na minha camiseta parece ter aparecido um rosto de uma criança”, lembra Ludmila. Amante do esporte e por ter vivido o momento dentro de uma prova de corrida, a mãe garante que irá guiar os passos da filha para estimular a seguir os caminhos da corrida.
“Vai ser o primeiro passo. Depois do que aconteceu comigo, o pai da Ágata, já se rendeu a prova e vai fazer os cinco quilômetros de corrida. Quando ela conseguir vai correr também. Tem uma frase que fala que correr é bom, mas correr em família é muito melhor. Vamos ver como vai ser”, finaliza a defensora pública.