Uma das apostas do governo federal no combate ao coronavírus é o uso da cloroquina, medicamento que vem sendo apontado como possível cura para a Covid-19. O remédio é citado constantemente pelo presidente Jair Bolsonaro, inclusive com o anúncio de que o laboratório das Forças Armadas iniciou a produção da medicação, com a entrega de 500 mil comprimidos por semana. Em Criciúma, a cloriquina está sendo administrada aos casos graves de Covid-19, mas ainda não há resultados conclusivos sobre a eficácia.
As ações conjuntas do @DefesaGovBr permitirão acelerar a produção, de forma que sejam concluídos dois lotes por semana, o que representa cerca de 500 mil comprimidos. Detalhes: https://t.co/o7y8XhHkJN
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 30, 2020
O principal entrave para definir se a cloroquina beneficia ou não o paciente é a falta de estudos com grupos de controle, que contrapõem um grupo de pessoas que usam o medicamento com outras que não, e permitiriam saber se a evolução do paciente está relacionada ou não ao remédio. Na Unimed de Criciúma, dois pacientes de UTI, com quadros mais graves, foram curados e deixaram a internação.
"Não é possível estabelecer a relação da cura com o uso do medicamento. Tivemos dois casos de uso do cloroquina que estão bem agora. A gente não pode afirmar, os estudos no mundo são observacionais. Pode ser coincidência ou pode ser que a cloroquina tenha o efeito. Alguns serviços afirmam com muita certeza, mas não há trabalho confiável", explicou o presidente da Unimed Criciúma, Leandro Avany Nunes.
Seguem na UTI da Unimed três pacientes: dois casos confirmados de Covid-19 e outro com fortes suspeitas. Eles permanecem tomando a medicação. Os três estão na faixa etária de risco, acima de 60 anos. "É uma doença que vai levar para a UTI o paciente idoso. Só a Unimed tem 7,5 mil clientes acima de 60 anos na cidade. Se 10% pegar a doença, metade vai ser grave. Coloca aí 350 casos graves, que precisam de UTI. Por isso a gente pede tempo. Se eu diluir 350 em três meses, eu consigo atender todo mundo. Se vier de uma vez só, aí não tem leito. Por isso a gente diz para achatar a curva. Com mais tempo, consigo atender mais gente sem ter um colapso de saúde", aponta Leandro.
O presidente da Unimed tem levantado dúvidas sobre o isolamento vertical ou horizontal. Favorável à abertura gradual proposta para essa semana, posteriormente revogada pelo governo do Estado, ele não tirou a razão de manter a suspensão das atividades.
"Acho que de certa forma tem razão. Ontem conversei com o secretário de Saúde e senti a decepção, como eu fiquei, com as pessoas na rua. O centro da cidade estava lotado e estamos em quarentena. Imagina a hora que liberar? Temos uma cultura diferente, não é melhor e nem pior, mas diferente. A Suécia, que tem um isolamento mais liberal, e recebe críticas de vizinhos como a Noruega, que isolou total, está com resultado diferente. Mas na Suécia se mandar usar máscara e ficar a dois metros, as pessoas vão respeitar", pondera.