O agronegócio no Brasil, além de gigantesco, é bastante pulverizado, com diversos players dividindo participações relativamente pequenas do mercado. Nesse cenário, o fato de a Procer, de Criciúma, atender 10% do setor de armazenagem de grãos com seus serviços de automação de silos já é algo que merece destaque. Junte isso ao recém-anunciado investimento da gigante Kepler Weber, que está em processo de aquisição de mais de 50% da companhia, essa ocupação deve aumentar, no mínimo, em cinco vezes.
A expansão é esperada por conta de a nova sócia deter 40% do mercado de silos do país e, por questões de mercado, não ser cliente da tech criciumense. “Por questões de estratégia deles, que tem uma plataforma muito semelhante a nossa, nós éramos vistos como quase concorrentes”, explica Eduardo de Aguiar, sócio-fundador da Procer. Somando os 10% já atendidos com os 40% de market share da Kepler e outros fabricantes de equipamentos de armazenagem de grãos, já se materializa o primeiro efeito positivo do negócio.
Outro efeito positivo da sociedade é a participação internacional da gigante gaúcha, que hoje distribui seus produtos em mais de 50 países, a maioria deles não atendida hoje pela Procer.
Conversas começaram em 2020
“A Procer nunca esteve à venda, nunca montamos um book pra buscar investidores. Mas recebemos, ao longo de 2020 e 2021, convites de investidores e resolvemos olhar com atenção essa possibilidade”, explicou Aguiar, que revelou que as conversas entre as empresas inciaram ainda em 2020.
A relação entre a Procer e a Kleper não é de hoje. Há anos, a empresa criciumense sondava a, agora, sócia. "Eles têm 40% do mercado, participam de 80% das negociações do Brasil e, para nós, era estratégico vender. A gente não conseguiu, mas acabamos chamando a atenção deles pelo nosso produto e o resultado que levamos aos nossos clientes", acrescenta Aguiar.
Através da tech criciumense, quase 1,5% dos desperdícios e perda de qualidade são evitados. "Isso chamou a atenção da Kepler. O presidente do conselho acredita que ao longo de cinco anos, essa parceria entre as empresas pode gerar mais de 5,14 bilhões em resultados para o agronegócio", enfatiza Aguiar.
Em valores, hoje, a Procer tem 10% de capacidade estática dentro da plataforma. "Em termos de redução das perdas, já estamos em aproximadamente R$ 500 milhões por ano que preservarmos dos nossos clientes. Junto à Kepler Weber, vamos conseguir potencializar esse valor", ressalta Murilo Scheneider, também sócio-fundador da empresa.
A Procer, mesmo com a sociedade, continua fornecendo para os concorrentes da Kepler. "A gente mantém a independência e a marca para atender os clientes diretos e, também, os demais fabricantes de silo. O que dá tranquilidade para o mercado é que já iniciamos nos últimos anos a adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e estamos em processo de implantação da ISO 27000, que trabalha com a segurança de dados", pontua Aguiar.
Conclusão da operação
A sociedade deve ser efetivada, oficialmente, em setembro deste ano. "O processo que se inicia agora é o due diligence, onde em dois meses há as auditorias fiscal, trabalhista, financeira, contábil e, só após isso, realmente é feita a conclusão da operação", finaliza Scheneider.