Santa Catarina segue com medidas restritivas à operação do transporte coletivo. Joinville bem que tentou, com uma das suas empresas que opera o sistema ingressando na Justiça e obtendo uma medida liminar para voltar ao trabalho no amanhecer desta segunda-feira, 13, mas o Governo do Estado conseguiu derrubar a ação. Mais um dia sem ônibus circulando nas ruas de Joinville, Criciúma e de todos os demais 293 municípios de Santa Catarina. Decreto neste sentido, prorrogando a suspensão dos serviços de transporte até o fim do mês, foi anunciado no último sábado pelo governador Carlos Moisés.
Enquanto isso, muitos trabalhadores seguem sem condição de ir e vir, mesmo com o comércio de rua aberto a partir desta segunda. Com o deslocamento entre residências e trabalho comprometido, há quem sugira os aplicativos. "Mas e não é aglomeração igual?", indagou o presidente da Associação Criciumense de Transporte Urbano (ACTU), Everton Trento, após ouvir as sugestões do governador. Somente em Criciúma, o transporte coletivo deixou de conduzir mais de 1 milhão de passageiros desde o início das restrições impostas em função da pandemia de coronavírus.
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Com base nesse fluxo que o transporte coletivo tem, como operar o sistema sem comprometer a saúde da população? "Entendemos que haverá uma quebra no fluxo, haverá gente que, em caso de uma liberação em maio, poderá usar os ônibus, mas não vai usar por medo. Entendemos sim que isso vai acontecer", revelou o presidente da ACTU.
O decreto assinado no fim de semana pelo prefeito Clésio Salvaro, estabelecendo normas para o transporte coletivo local quando ele voltar, trata do uso dos equipamentos de proteção. Em relação aos trabalhadores das empresas, o decreto cita que "os funcionários deverão ser informados da importância do uso dos EPIs apropriados e de cuidados sanitários, orientando para que reforcem seus cuidados pessoais, lavando sempre as mãos e utilizem álcool gel a cada viagem realizada, bem como façam uso de máscaras de uso não profissional, de acordo com as orientações gerais da ANVISA".
Ainda no decreto, não há portanto uma ordem expressa para uso de máscaras, por exemplo, pelos funcionários das empresas. "Nós vamos fornecer tudo isso quando o serviço voltar", assegurou Trento. O decreto recomenda que idosos não utilizem os ônibus em horários de pico e projeta lotação máxima de cada veículo de 50% dos assentos ocupados.
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Sobre passageiros, o decreto é mais enfático a respeito do uso de máscaras. "Utilizar máscaras, de uso profissional ou não profissional", menciona o documento, no artigo 4. Cita ainda a obrigatoriedade de manter as janelas dos ônibus abertas, de evitar horários de pico e de escolher rotas que não aumentem riscos de exposição, além de recomendar a higienização constante das mãos.
Recomendações médicas
Em seu canal no YouTube, o médico Dráuzio Varella respondeu justamente a essa questão: "como minimizar o risco de infecção no transporte público?". Dráuzio comentou que o transporte apresenta dois problemas cruciais, a concentração de pessoas e os locais por onde passam as mãos. "Uma pessoa que não tem cuidados com a higiene pode infectar esses locais", frisou.
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O médico utiliza o metrô como ponto de referência, mas são recomendações plenamente adaptáveis aos ônibus, por exemplo. "Não ponha a mão no rosto, na boca ou nariz, não coce os olhos. Se o nariz estiver coçando muito, tente resistir, senão utilize o antebraço. É feio mas agora não é mais feio, é o melhor jeito", pontuou. "Desceu no destino final, primeira coisa é lavar as mãos por pelo menos 20 segundos. É importante em casa higienizar a maçaneta com álcool ou com detergente de cozinha também", completou.