A força do cooperativismo coloca Jacinto Machado nos holofotes da produção de arroz em Santa Catarina. A Cooperja, prestes a completar 50 anos, é a maior cooperativa arrozeira do país e foi responsável por quase um terço das exportações do grão no Estado no ano passado. Uma história que começou com união, determinação e arrojo.
Ela foi criada no dia 30 de agosto de 1969, por um grupo de 117 agricultores que convivia com a dificuldade de armazenamento de arroz. Já no primeiro ano de atividade, voltou-se também ao beneficiamento do grão e foi aos poucos expandindo a área de atuação.
Abriu supermercados, cooperativa de crédito, posto de combustível e lojas agrícolas, voltando-se aos insumos necessários para os produtores. Novas produções foram congregadas, como o maracujá e a banana.
A dependência do arroz para o faturamento, que já foi de 80%, hoje é de 55%. Além de atuar em Santa Catarina, também tem presença forte no Rio Grande do Sul, com indústria e lojas em Santo Antônio da Patrulha. E é para o mercado e a produção gaúcha que a cooperativa mira.
Vanir Zanatta, presidente da Cooperja há mais de 30 anos, exalta o trabalho dos homens que fundaram e reergueram a cooperativa no passado e traça planos para manter a força e ampliar receitas no futuro. “Nós fazemos planejamento estratégico desde 2007. No ano passado houve um faturamento de R$ 550 milhões. Nosso objetivo é chegar em 2024 com R$ 1 bilhão. Pra isso tem que crescer em loja, indústria e mercado. Vamos expandir para o Rio Grande do Sul”, projeta.
Primeiros anos
A Cooperja surgiu por uma iniciativa de um grupo de agricultores do Sul catarinense que não tinham onde estocar a produção. A solução foi a união em uma cooperativa, organizados pelo engenheiro agrônomo Joaquim Pedro Coelho. Vendavais da década de 70 destruíram a cooperativa, que teve que ser reerguida pelos integrantes. "Ela quebrou, o vento levou toda ela, eles refizeram de novo. Isso demonstrou que eles tinham vontade de ficar com ela. Temos que dar muito valor ao que esses homens fizeram", avalia Vanir Zanatta
Foi a partir da década de 90 que a Cooperja começou o salto em direção a tornar-se a maior cooperativa de arrozeiros do país. Os serviços foram ampliados; a Cooperja ofereceu crédito, lojas agrícolas e supermercados aos seus associados. Seguindo em direção a criar um ambiente autossustentável para os produtores, hoje em dia conta até com um posto de gasonlina no município, que oferece o óleo diesel.
'Mercado interno
A cooperativa tem ingressado forte no mercado gaúcho. No estado vizinho, tem parceria com produtores e unidades industriais do arroz. O Rio Grande do Sul parece ser um horizonte fundamental para o projeto de arrecadar R$ 1 bilhão em 2024. A cooperativa tem representantes comerciais na maioria dos estados brasileiros, abrangindo todas as regiões.
Atualmente, trabalha não só com o arroz e seus derivados, mas também com a Banana, Maracujá e a Pitaya.
Exportação
Ainda que a exportação de arroz esteja longe de ser o carro chefe da economia catarinense, a Cooperja também voltou os olhos ao mercado externo, há 12 anos. Atualmente, fornece arroz a 25 países, da África e da América.
No entanto, o mercado externo ainda é um ambiente frágil para os arrozeiros. Mais do que acordos comerciais, como o firmado com a União Europeia, "o Brasil precisa de acordos sanitários. O México é um país da América que nunca conseguimos entrar porque eles classificam 16 pragas do arroz e aqui no Brasil são 13", justifica Rodrigo Veiga, representante do comércio exterior da cooperativa.
Mesmo assim, a exportação "pode ser o futuro", de acordo com o representante. "Já chegou a 20% da produção da cooperativa", aponta Rodrigo. No ano passado, foram vendidas 25 mil toneladas do arroz para o mercado externo. Todo o estado de Santa Catarina exportou 83 mil toneladas.
Além do arroz, a Cooperja viabiliza estudos técnicos para exportar a banana e o maracujá. Novos produtos e novos mercados, para a cooperativa seguir o crescimento e atingir as metas estabelecidas.