Apesar de ser um dos acontecimentos mais marcantes do último século, capaz de parar o mundo e implicar em uma série de crises, o coronavírus não é a primeira pandemia à passar pela Terra. Há pouco mais de cem anos, no último ano da primeira guerra mundial, a gripe espanhola estourava na europa e também atingia todos os continentes do globo, e a maneira como o mundo se comportava frente à doença possui algumas semelhanças e diferenças da vista hoje em dia com o COVID-19.
Mesmo que conhecida como gripe espanhola, a doença teve início justamente com um soldado americano que, em 1918, em um acampamento de treinamento dos Estados Unidos, adoeceu e contaminou mais mil soldados - os quais embarcaram em direção à Europa, por conta da guerra.
O vírus da doença é um grande conhecido da comunidade científica hoje em dia, o influenza, mas, na época, pouco ou quase nada se sabia sobre ele - assim como o coronavírus, hoje em dia. “Na época o debate médico estava centrado na questão da transmissão, em como se dava isso. Hoje, com relação ao COVID-19, o debate fica para a questão dos remédios e da vacina da doença”, comparou a professora de história, Adriana Coan.
Na época, os médicos só sabiam que a doença era muito contagiosa e de rápida difusão, característica bem semelhante ao coronavírus, e se defendia a tese de que as condições atmosféricas contribuíam para a proliferação do vírus.
As recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação a gripe espanhola também eram um tanto quanto semelhante às de hoje, para o COVID-19: desinfecção de prédios, navios e de locais de grandes aglomerações, além do cuidado com a higiene pessoal. “Hoje se fala da desinfecção das mãos, na época era da boca e do nariz. Na boca sugeria-se a aplicação de gargarejo com água oxigenada. No nariz, a aplicação de vaselina mentolada”, afirmou a professora.
Levou anos para que a influenza passasse a ser conhecida como vírus, e mesmo depois disso continuou sendo um enigma para a comunidade científica. “Atualmente nós temos um grande avanço da área médica e farmacêutica mas, ao mesmo tempo, dependemos do fator tempo para que remédios que sejam eficazes contra o COVID-19 e uma vacina possível e válida seja criada. Mesmo com todos os avanços, ainda temos essa sensação de fracasso momentâneo”, concluiu Adriana.