Quem é ligado em investimento já percebeu que a bolsa de valores de São Paulo, a Ibovespa, está em constante queda desde o dia 19 de fevereiro. A queda brusca, de 10,6% em um período de nove dias, chega a assustar os investidores mais inexperientes, que podem vender as ações que compraram e operar com prejuízo na bolsa. Na estreia do Programa 60 Minutos, da Rádio Som Maior, o assessor de investimentos Gustavo Guarnieri, da Wise Advisors, deu dicas sobre como responder ao mercado nesses dias de aparente instabilidade.
"Não é para se desesperar nem para vender as ações. Tem que comprar ou esperar um pouco, se tem disponibilidade de caixa e sempre nós vínhamos trabalhando assim, como regra, de deixar uma parte esperando a volatilidade de mercado. Nada de pânico. A gente está comprando o valor das empresas e não o preço", explicou.
Gustavo foi perguntado pelo jornalista Arthur Lessa se a queda brusca dos últimos dias, após um período de sobe e desce no primeiro mês e meio do ano (do dia 2 de janeiro até o dia 28, a queda é de 12,5%), tem relação com a epidemia de coronavírus, na China.
"Não tem como falar 'a bolsa só caiu pelo corona'. Falando do mercado global, ele vem de uma alta de anos, décadas só de alta. É de se esperar uma correção. O investidor grande, aquelas empresas compradoras, pode aproveitar o momento de alta e dizer 'quero embolsar esse lucro'. Aí vendem as ações, uma coisa ajuda a outra, ele vende para embolsar e quem tá entrando agora se assusta, vende e tem o prejuízo", comentou Gustavo.
De acordo com o assessor de investimentos, o ideal é avaliar as possibilidades que uma empresa vai fornecer no longo prazo para quem quer investir. "Eu quero comprar a Vale, por exemplo. Tenho que estudar quanto ela me traz de retorno, qual o lucro que ela me paga. Se na quarta-feira despencou o mercado e caiu 10% uma ação, já está num preço interessante. Se comprou e caiu mais, espera mais um tempo. Quando a gente entra em ações, a gente não olha o período de um ou dois meses. A gente olha em um ou cinco anos", disse.
Ele completou que na empresa em que trabalha o foco é formar investidores. "Não tem como dar certeza de que uma ação não vai cair mais. Mas pelo tanto que caiu, é muito difícil que tenha uma queda muito maior. É muito mais provável ela subir do que cair mais. A gente tenta ensinar as pessoas a serem investidores e não especuladores. Tem que investir numa empresa em um longo período e não simplesmente especular, vou comprar, quando subir um pouco eu saio dela", acrescentou.
Nesta segunda-feira, a Ibovespa está operando com uma alta de 2,60%. Uma das causas, segundo o site especializado InfoMoney, é a sinalização do G-7 para medidas que visam limitar os danos do coronavírus. Para Gustavo, é difícil mensurar o tamanho, mas não tem como descartar a epidemia como um fator para as quedas. "Não tem como saber se tá caindo só pelo corona ou pela correção, mas é claro que o coronavírus tem alguma influência", concluiu.