Santa Catarina é um dos grandes produtores e alimentos do Brasil, sobretudo no ramo de carnes e na utilização de frigoríficos. Em meio a pandemia de Covid-19, algumas sérias medidas estão sendo adotadas por empresas do setor para evitar a contaminação e propagação da doença entre funcionários e colaboradores - mas, até então, nada possui 100% de eficiência.
Infectologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, Adauto Castelo Filho orienta empresas frigoríficas de todo o sul catarinense, entre elas a JBS, à o que fazer para conter a propagação do vírus entre o quadro de empregados. Segundo Adauto, há duas maneiras de um trabalhador se infectar: durante o período de trabalho ou quando retorna à sua comunidade.
“Ao final do dia, esse trabalhador volta para a comunidade dele e vai conviver em sua casa com pessoas que, muito provavelmente, não estão mantendo um isolamento social completo. Em SC, já há shoppings funcionando, lojas abertas, e esse funcionário, que passou um dia inteiro submetido a um rigoroso esquema de proteção com EPI’S, não vai usar mais máscara quando chegar em casa”, destacou.
Apesar disso, as medidas para o trabalhador de frigorífico são rígidas. Sair de casa para o trabalho somente de máscara. Antes de entrar no ônibus é feito um questionário diário com algumas perguntas de saúde e tirado a temperatura. Está com mais de 37ºC ou respondeu positivo para algum sintoma do questionário? volta para casa. Se não, entra no ônibus e senta em uma cadeira demarcada, sem conversar com ninguém e afastado de cada funcionário. O trabalhador irá ao frigorífico sempre na mesma cadeira, no mesmo ônibus.
Ao chegar na empresa, primeiro é feita a higiene das mãos e depois, em filas demarcadas, com distanciamento entre funcionários e fluxos determinados, é batido o ponto. Depois vai para o vestiário e coloca todo o equipamento: máscaras, avental, gorro, botas impermeáveis, protetor facial - tudo. Dentro do frigorífico, os trabalhadores são separados de seus companheiros por uma tela de acrílico para evitar ainda mais o contato.
No refeitório são tomados mais cuidados. “Quem serve o trabalhador é o cozinheiro, para evitar que este manuseie talheres que outros venham a usar depois. Ele recebe um kit descartável, para usar ao comer. Os horários de descanso são alternados e não é permitido aglomerações e nem jogos”, contou Adauto.
Apesar de todos os cuidados, ainda há uma coisa que, segundo o infectologista, é muito difícil de se controlar e acaba sendo crucial nas contaminações: a falta de sintomas. “A preocupação não é você identificar precocemente um funcionário gripado, porque ele mesmo diz isso. O problema são aquelas pessoas, a grande maioria, que se infecta e é assintomática, e não há nenhum jeito de se identificar a não ser com testes. Acontece que o resultado dar negativo hoje não quer dizer que ele dará negativo amanhã”, disse.