A vacinação contra a Covid-19 de pessoas com comorbidades ainda gera muitas dúvidas, tanto para médicos quanto para pacientes. O Plano Nacional de Imunização determina 22 tipos de comorbidades que são válidos para o recebimento da dose. Ainda sim, de acordo com o pneumologista Renato Matos, não é qualquer atestado que garante o recebimento da vacina - e é preciso preencher uma série de requisitos.
“As pessoas estão se confundindo um pouco. Em relação a asma brônquica, pertence a esse grupo aqueles que possuem asma grave. O governo considera grave aqueles que têm a condição e de vez em quando precisam usar corticoide pela boca e o uso de bombinhas não resolve, assim como aqueles que tiveram internação prévia por crise asmática nos últimos 12 meses. Não é qualquer paciente com asma”, pontuou o médico.
Existem outras doenças que também estão inseridas nessa fase de vacinação que exigem uma série de critérios. A hipertensão é um exemplo, que passa a ser fator de risco e justifica o recebimento da vacina quando o portador usa três ou mais medicamentos em doses máximas e ainda sim sua pressão não se mantém controlada.
“Algumas doenças específicas como diabetes, todos tem indicação a receber vacina com antecedência. Pacientes com síndrome de down, cirrose hepática e doenças sanguíneas também entram. Já com obesidade mórbida não precisa de atestado, chega lá e vai se pesar e medir, se o índice de massa corporal estiver acima de 40, ele vai receber a vacina”, destacou Renato.
O pneumologista ressalta ainda que todos os pacientes portadores de HIV, independente da gravidade, também possuem direito à vacinação contra a Covid-19 nesta fase. O mesmo vale para os transplantados por órgãos sólidos, como transplante de rim ou cardíaco, mas este deverá levaro atestado.
“Quando se fala em doenças reumáticas, deve-se usar determinados medicamentos, corticoide com mais de 10 miligramas por dia. Doença renal crônica também conta com critérios específicos, é muito importante que as pessoas conversem com seus médicos para ver se encaixam”, destacou o pneumologista.
Renato ressalta também situações em que os médicos concedem o atestado para vacinação fora da situação ideal, tirando a vacina de alguém que realmente precisa. Segundo o pneumologista, esses profissionais correm o risco de responderem criminalmente por falsidade documental.
“Já existem estados em que o Ministério Público e o CRM estão indo atrás para ver se os atestados são falsos ou não. Nessa questão, o médico pode ser penalizado, e o paciente também”, afirmou.