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“Da realidade à ficção” (Parte 2)

Síndrome de Guillain-Barré: o tratamento e a fé

Por Milla Silveira Criciúma - SC, 08/11/2018 - 17:19 Atualizado em 09/11/2018 - 14:39

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Amigos, família,

 

Visto a preocupação de todos nós, e nossa impossibilidade de responder a todas as mensagens individualmente, achei legal dar notícias sobre minha Mamis. Há alguns dias, a equipe médica do Baía Sul vem trabalhando com a hipótese de uma Síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune (onde há o ataque de células do sistema nervoso periférico, pelo próprio corpo), de mecanismo e causa ainda desconhecidos. O diagnóstico se faz por exclusão, uma vez que a maioria dos exames está dentro da normalidade. Sua manifestação é uma incoordenação motora, que compromete o caminhar, por exemplo. Contudo, seu tratamento é conhecido e eficaz (receberá soro, sem dor ou grandes efeitos colaterais, já que será iniciado precocemente. A recuperação é progressiva, mas, na maioria dos casos, não deixa marcas, e esse vai ser o caso da mamãe! Eu e meu irmão Gustavo estudamos todos os dias sobre a doença e estamos certos de que tem recebido o melhor tratamento e atenção que poderia, em quaisquer centros de saúde, por tudo quanto é lugar. Ficará internada por mais uma semaninha, durante o tratamento, e logo já volta pra casa. No momento, só podemos aguardar e deixá-la bastante confortável!
Mais uma vez agradeço por toda a atenção, carinho e por estarem nos ajudando a segurar as pontas, enquanto mamãe é nossa prioridade maior!

 

Um beijão
Vamos informando sempre que possível!

Guilherme Wolff
15 de Junho, 08:04

 

Sempre me perguntei como atletas podiam ser tão fortes, encontrar determinação para superar gravíssimos problemas de saúde. De onde vinha tamanha disposição pra enfrentar as constantes dores, cirurgias recorrentes, longas sessões de fisioterapias e retomarem a treinos e jogos?

Eu encontrei na Fé! O espiritismo, doutrina que venho estudando e praticando há algum tempo, me manteve serena e confiante. Enquanto a medicina cuidava de meu corpo físico, minha alma era vigiada por meus irmãos de luz.  Um dia antes da aplicação da imunoglobulina ter início, membros do meu grupo de estudo foram ao hospital e me deram passes; durante os dias de aplicação também.  Isso me acalmava e me fortalecia pro que viesse pela frente.

Nas noites de dúvidas e dores, tinha longas conversas com meu Deus. Que se fosse pra ficar com sequelas irreparáveis, dependendo de meus filhos para viver, que me levasse para o outro plano. Que não era justo para com eles, dois jovens que perderam o pai recentemente, terem que mudar sua trajetória de vida para cuidar de uma mãe inválida. Disse a Deus que se eu tivesse créditos com os céus, que era hora de recebê-los com juros e correções. Que dedicaria o resto da vida a repor, mas que agora contava com isso pra sair dessa... Pelo jeito minha conta estava positiva. 

Foco e força: Eu queria vencer a celeridade da doença. É lógico que cada paciente tem uma evolução, que nem sempre depende de nossa vontade e determinação para que ela não se agrave. Mas estava determinada a, pelo menos, competir com ela. Então, não me permiti descansar. Seguia à risca as recomendações, fazia tudo que mandavam e, nas madrugadas, ficava movimentando o pouco da musculatura onde restava reação: dedilhava, mexia com os pés, piscava, abria e fechava a boca. 

Essa foi a segunda escolha assertiva: acreditar na cura, lutar por ela e, principalmente, crer em nossa força interior. Isso é ter Fé!

Durante todo o período de internação, a equipe do hospital não me deu um único banho, uma alimentação ou uma troca de roupas. Meus filhos se revezavam nessas tarefas.

Guilherme, com mais técnicas, por ser da área médica, Gus, com mais força por ser maior. Dormiam ao meu lado, acordavam, me davam banho, trocavam minha roupa, escovavam meus dentes e cabelos, me alimentavam, acompanhavam de perto meus exercícios. Nas noites mais difíceis, eu me apegava a essa dedicação e carinho pra não desanimar, não sucumbir, não desacreditar. 

Nos poucos momentos em que um deles não estava ao meu lado, eu chorava abraçada às minhas irmãs, lágrimas poucas, somente pra aliviar as comportas da preocupação, do medo e das dores. Não me permitia gastar energia com tristezas, precisava de muita disposição para suportar o que viria pela frente.

Quinta-feira, feriado, quarto dia de internação.  Já estava bem debilitada. Quase não me mexia, sem força nenhuma para suportar o peso do corpo, de um copo com água, de um talher.  Meu corpo todo doía. Não tinha mais posição na cama, já não fui ao banheiro, xixi foi na comadre...  

Ficara prescrita para início as 16h a aplicação de Imunoglobulina, que seria dividida em cinco dias de aplicação. Em doses muito lentas, que levaria horas pra receber.

E esperei por ela como espero pelo domingo de Páscoa! 

Meus filhos e os médicos insistiam para que não depositasse tantas expectativas imediatas nas aplicações. Que me conscientizasse de que a doença ainda continuaria evoluindo até a última dose, que somente depois de todo o processo ela pararia de evoluir. Temiam um excesso de confiança de minha parte, uma piora de meu quadro e um desânimo.  

Minha amiga-irmã Ângela e toda a minha família acompanhavam diuturnamente a evolução do tratamento e mantiveram-se de plantão para qualquer necessidade minha ou de meus filhos. Minha irmã Cris acompanhou todas as doses com um sorriso alentador e, numa cumplicidade silenciosa, depositamos ali todas as nossas certezas.

Fim da parte 2

Confira a Parte 1 da série “Da realidade à ficção” clicando aqui.

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