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"Da realidade à ficção" (Parte 3)

O começo da vitória sobre a Síndrome de Guillain-Barré

Por Milla Silveira Criciúma - SC, 09/11/2018 - 14:21 Atualizado em 09/11/2018 - 14:38

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Gente,

 

Desculpa o bombardeio na timeline, mas é a maneira mais fácil de atualizar a família e amigos sobre o tratamento da minha mãe. Já estamos no quarto dia de aplicação da Imunoglobulina e ela passa bem. Observamos já o controle da progressão dos sintomas, um ótimo sinal!
Haverá mais dois dias de aplicação, e uma nova avaliação.
Se considerada suficiente a dosagem administrada e os marcadores clínicos forem favoráveis, poderá receber alta (previsão inicial para quarta-feira). Seguirá em acompanhamento pelos próximos meses, com médicos, fisioterapeutas, fono, para reabilitação rápida. Como me foi perguntado algumas vezes, a reabilitação poderá se dar de forma completa, sim, sem deixar quaisquer sequelas, como ocorre na grande maioria dos casos bem acompanhados, contudo é lenta, uma vez que a medicação impede a degradação do Sistema Nervoso Periférico (este deve se reconstituir gradativamente). Estamos bem informados de tudo que enfrentaremos daqui pra frente e super, mas SUPER focados para fazer tudo isso se tornar um grande aprendizado. Eu e meu mano estamos revezando com a Mamis e vamos mantendo-os informados, na medida em que surgirem novidades!

 

Obrigado por toda a atenção e ajuda, pelo carinho e preocupação.
Vocês são uns lindos! 

Guilherme Wolff
18 de Junho, 20:40

 

Na manhã de sexta-feira, com apenas uma aplicação, eu me senti fisicamente melhor. Pode até ter sido sugestionada, mas me sentia. Movimentava levemente os joelhos e os dedos dos pés. E assim foi sucessivamente. A cada aplicação, fui recuperando um pouco das forças. Lentamente, mas sensivelmente.  Aos poucos, dia após dia, recuperava um pouquinho da energia perdida, da sensibilidade e dos movimentos.  No último dia de aplicação, já conseguia sentar na cama, me virar, ficar em pé com ajuda e sentar na poltrona do quarto.  Circulava pelo hospital na cadeira de rodas, ia ao ático fazer massagens, numa cadeira-monstro, pra aliviar as dores do corpo, pra ver gente em movimento e respirar o ar fresco do inverno. A fisioterapia se intensificava e as forças ressurgiam.

Pensa numa notícia boa!


Hoje esse mulherão aí acabou a última dose de imunoglobulina, secou o último soro e já estamos quase, quase, arrumando as malas pra sair daqui! Mais umas avaliações e partiu casa, partiu físio!

 

A lista de planos pro futuro tá grande...

 

Uma maratona, quem sabe?
Vamos com calma! hahaha
Guilherme Wolff
20 de Junho, 16h34

Terminada a aplicação, o neurologista passou pra me avaliar. Sorriu quando lhe perguntei se viera me dar alta, já que havia dito que me daria alta se eu caminhasse. Sentei na cama e dei três passos em sua direção. Depois, pedi que me ajudasse a voltar. Ora, o trato não exigia ida e volta. Decidiu deixar passar mais uma noite e me mandar pra casa no dia seguinte, se eu estivesse mesmo fortalecida. 

Pela manhã, apoiada na fisioterapeuta e no Gui, andei pelos corredores do hospital.  Com 6 kg a menos, mesmo cambaleante, ganhei alta. Tinha um longo caminho pela frente, mas já dera os primeiros passos!

Esses bravos e amorosos, da equipe do hospital, não mediram esforços para minimizar meu sofrimento e pra me mandar de volta pra casa!

Volta pra casa

Engraçado que por muito tempo eu ficava analisando aquelas pessoas que amam viajar. Sempre achei muito estranho todo aquele frenesi que muitos têm diante da expectativa de uma viagem, da preparação, do roteiro. Porque amo minha casa, amo ficar, adoro retornar. Uma sensação de segurança me abriga nas várias paredes do meu lar. Pode parecer estranho pra muitos, mas voltar de uma longa ausência é quase tão delicioso quanto a viagem em si.

Imaginem o valor de receber alta, entrar no carro e percorrer o caminho de volta para casa. Não se pode avaliar o quão significativo são os pequenos prazeres da vida, senão quando enfrentamos restrições a eles.

Shrek, meu “neto canino” me aguardava pacientemente (Outra constatação, que muitos podem duvidar, é de que ele foi o primeiro a pressentir a gravidade da situação). No domingo, quando me sentia debilitada, ele deitado ao meu lado me dirigia um olhar diferente.

Também foi montado um forte esquema de vigilância e de cuidados. Gustavo, além de revezar os plantões noturnos com o Gui organizava os bastidores. Casa, pagamentos, compras, nosso cãozinho... Na sala estava encostada a porta de blindex retirada do banheiro. A cama junto à parede, nada de tapetes pela casa, cadeira de banho e sanitária, bolsa de água quente, equipamentos para fisioterapia e fonoaudiologia e uma cuidadora em tempo integral – Iolanda, outra benção divina -, jamais precisou me dar um único banho.

Meus filhos se revezaram também nas atividades domésticas. Como era fim de semestre na faculdade, ambos estavam com atestado médico para cuidar da mãe e, agora, teriam que fazer as provas acumuladas e todas as tarefas atrasadas. Junto a isso, intercalavam os cuidados para comigo.

Sem palavras... Inexplicável a sensação de gratidão pelo apoio recebido. Por isso, por tê-los ao meu lado, em todos os segundos, sem nenhuma reclamação, minha disposição para o tratamento se redobrava.  Sacrifício por parte deles, determinação e empenho de minha parte. Um pacto velado de cumplicidade e amor.
 

Fim da parte 3

Confira a Parte 2 da “Da realidade à ficção” clicando aqui.

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