Passada a chuva, é momento de avaliar os prejuízos. A região Sul de Santa Catarina, uma das mais atingidas nos últimos dias pelo excesso de água, registra danos significativos nas lavouras de soja, feijão e arroz. A produção de hortaliças e frutas, além da pecuária, também foram afetadas pela condição. A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) trabalha no levantamento oficial das informações.
“O Estado de Santa Catarina passou por dois anos, praticamente, de escassez de água. A gente sempre diz que não temos um problema de falta de chuva, mas de má distribuição. É isso que vem acontecendo. Tivemos em 2019, 2020, parte de 2021 e 2022, com momentos de escassez e, agora, de excesso de chuva”, comenta o gerente regional Sul da Epagri, Edson Borba Teixeira.
As chuvas que atingiram o Sul foram bem distribuídas, portanto, os danos foram expressivos, mas poderiam ser ainda mais. “Não foram pancadas e enxurradas que a gente vê muito aqui em Criciúma em dias de verão. Isso, de certa forma, fez com que não houvesse um grande prejuízo de tombamento de lavouras, mas sim, os alagamentos vieram de maneira gradativa”, explica Borba.
Entre as culturas mais afetadas estão a soja, feijão e arroz. Também houve danos nas produções de hortaliças e de frutas.
“As áreas mais afetadas onde ocorreram alagamentos foram as regiões com a cultura do arroz, que neste momento, estamos em um período de pós-colheita. A grande maioria da cultura plantada no Sul já foi colhida. Nós temos um registro em Maracajá de uma lavoura que está submersa, mas que não chega a 15 hectares do grão”, enfatiza o gerente regional da Epagri.
Borba afirma que outras culturas também foram danificadas. “Chama atenção a lavoura da soja, que vem entrando como uma alternativa de diversificação na nossa região. Há cerca de oito mil hectares plantados no Sul e uma parte não foi colhida. Por isso, nós vamos ter problemas, não pelo alagamento nessas áreas, mas por dias excessivos de chuva, que agora, no momento da colheita, prejudicam a qualidade do grão”, explica.
O que pode acontecer, no caso da soja, é o brotamento do grão. “Isso porque ele tem um comportamento de que no momento em que vai secando, se tem muita umidade, acaba rebrotando e perde muito a qualidade. Não necessariamente em função do alagamento que houve nessas áreas, mas, principalmente, devido ao excesso de chuvas”, acrescenta o gerente regional.
Apenas em Forquilhinha, cerca de 230 hectares de soja sofreram danos referentes às chuvas. Os prejuízos chegam a R$ 850 mil, somente na cidade. “No município, as perdas foram significativas. As lavouras talvez nem possam ser colhidas”, ressalta Borba. As pastagens de inverno também foram atingidas na região e devem impactar no trabalho dos agricultores.
“Se essa chuva tivesse vindo há 30 dias, o prejuízo seria muito maior, porque nós teríamos mais lavouras de verão em momento de colheita. A gente conseguiu, de certa forma, colher, e evitar maiores problemas. Mas, também, a produção de frutas e hortaliças, principalmente as folhosas, por esse excesso de umidade no solo, vamos ter nos próximos dias perdas na qualidade”, pontua Borba.
A Epagri deve seguir contabilizando os prejuízos, a fim de levar um relatório à Secretaria de Estado da Agricultura (SEA) e, posteriormente, obter recursos para contribuir com os agricultores que foram prejudicados.
“Ainda é cedo para a gente dar um número. Essas perdas vão se manifestar nos próximos dias. Mas, chama bastante atenção a questão da soja e do feijão, por ainda não terem sido colhidos, e a produção pecuária, em termos de lavouras e criações. O principal dano que se tem no meio rural são as comunidades isoladas, pontes e estradas que foram afetadas”, finaliza Borba.