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David Coimbra critica Bolsonaro "atitudes infantis que geram insegurança e divisão"

Jornalista gaúcho concedeu entrevista à Rádio Som Maior neste sábado, falou sobre epidemia do coronavírus nos Eua e lamentou postura do presidente brasileiro

Por Heitor Araujo 04/04/2020 - 14:15 Atualizado em 04/04/2020 - 14:16
David Coimbra esteve na Som Maior no ano passado (Foto: Arquivo / 4oito)
David Coimbra esteve na Som Maior no ano passado (Foto: Arquivo / 4oito)

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O colunista e jornalista David Coimbra, da Gaúcha/ZH, foi entrevistado na programação especial da Rádio Som Maior, em cobertura ao coronavírus. De volta ao Brasil após um longo período vivendo nos Estados Unidos, David, que é um dos nomes fortes do jornalismo gaúcho, falou sobre o momento vivido pelos norte-americanos no combate à Covid-19 e traçou um paralelo com o que está acontecendo no Brasil. Na conversa, o colunista criticou fortemente a postura do presidente Jair Bolsonaro e anteriormente de Donald Trump, e elogiou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Primeiramente, David Coimbra falou sobre a recepção da epidemia nos Estados Unidos. O país norte-americano é o mais afetado pelo vírus no mundo, com mais de 290 mil casos confirmados (mais do que o dobro da Espanha e Itália, que vem logo atrás) e mais de 7,8 mil mortes, ainda abaixo dos dois países europeus.

"Me surpreende (a força que o vírus chegou nos Estados Unidos), porque sei que os Eua tem um sistema de saúde muito bom. Eles têm muito cuidado com essa questão de segurança e saúde. Isso é prioritário para eles. O lema de segurança 100% é deles. Talvez por causa do Trump, que no início desdenhou da ferocidade desse vírus, os Eua tenham vacilado", analisa David.

O jornalista diz que as projeções vindas dos Estados Unidos é de que na próxima semana as mortes diárias devem chegar a 2 mil. Infomações apontam que aproximadamente 1,6 mil profissionais da área da saúde estão contaminados, o que atrapalha no atendimento à Covid-19. 

"Tenho conversado com o pessoal de Boston, que ainda está bem porque Massachussetts é uma referência na área médica, eles dizem que as coisas ainda vão pior muito até melhorar. As pessoas estão assustadas, os profissionais de saúde de lá estão contaminadas com a doença, são mais de 1,6 mil profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros. Tem gente morrendo da área da saúde, porque houve esse desdém inicial. A última previsão otimista do Trump foi de que até a páscoa ia reabrir tudo e não foi o que aconteceu. Vai ficar pelo menos todo esse mês em lockdown", projeta David.

David Coimbra elogiou a atuação do ministério da Saúde brasileiro e da equipe coordenada por Mandetta, mas lamentou a postura de Jair Bolsonaro em meio à crise. No país, são mais de 7,5 mil casos confirmados de Covid-19 e 376 mortes.

"Uma pena é o presidente da república, que se comporta de uma maneira infantil às vezes. A preocupação dele com a economia é procedente, a gente tem que se preocupar, porque as coisas tem que em algum determinado momento voltar a abrir ou reabrir aos poucos. O isolamento horizontal tem que progredir para vertical e as coisas paulatinamente abrir, mas isso tem que ser feito com um plano. Não simplesmente com bazófia, arrostando 'não, isso aqui é uma gripezinha'. Não é uma gripezinha, não é coisa que uma pessoa com passado de atleta vai poder enfrentar tranquilamente", critica David. 

"O presidente presta um desserviço quando faz isso. E agora ele praticamente demitiu o minitro dele quando terminar a pandemia, ele fez isso em público. É algo impensável para um líder. O Bolsonaro num momento desses devia estar surfando no bom comportamento do seu ministro. Devia dizer 'eu coloquei esse ministro' e coordenar o país no enfrentamento dessa crise, pensando aí sim em um momento em que a economia fosse paulatinamente reativada e não se comportando de um jeito infantil que só causa insegurança e divisão", completa o jornalista.

Alinhado ao que dizem os especialistas da área médica e as autoridades da saúde no país, o colunista da Gaúcha/ZH reforça o discurso do isolamento social neste momento. David usou exemplos do mundo para justificar o erro que seria a abertura social neste momento.

"Hoje tem muita gente dizendo 'vamos voltar, reabrir, não vai acontecer nada'. O problema desse pensamento é que em todas as outras partes do mundo, 100%, em que houve esse comprotamento, deu errado. Inclusive nos Eua que tem o sistema de saúde mais robusto do mundo, comparado com a Alemanha apenas. A gente não pode ir por esse caminho. Tinha que ter um caminho de coordenação séria, sensata, pensando sim na economia também, porque as pessoas vão sofrer, mas coordenando e planejando e não se comportando como uma criança", concluiu.

Tags: coronavírus

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