A repercussão foi imediata. Momentos após sair a notícia que a Polícia Federal deflagou uma operação na manhã desta quarta-feira, 27, para cumprir mandados de busca e apreensão por conta de uma investigação do Supremo Tribunal Federal, que visa combater a disseminação de notícias falsas, choveu nas redes sociais declarações de de apoio ou contrárias a ação.
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro ressaltou a importância da autonomia da PF nas ações deflagradas e lembrou que o ministro do STF Alexandre de Moraes manteve os delegados na invetigação após as denúncias de interferência.
A Polícia Federal tem que trabalhar com autonomia. Que sejam apurados os supostos crimes no RJ e também identificados os autores da rede de fake news e de ofensas em massa.Diante das denúncias de interferência na PF, o Min.Alexandre manteve os delegados que estavam na investigação pic.twitter.com/XBO0e1wLyD
— Sergio Moro (@SF_Moro) May 27, 2020
O empresário Luciano Hang, dono da rede de megalojas Havan, foi um dos "visitados" pela PF. Ele realizou um live em suas redes sociais logo após a conclusão da operação, de dentro do centro de operações da Havan, em Bruque. Ele afirmou que levaram seu celular e computadores. O empresário afirmou que está tranquilo e trata tudo com transparência.
Hoje, às 6h da manhã, recebi a visita da Polícia Federal em minha casa, em Brusque (SC), requerendo meu celular e computador para análise. Querem saber se produzi ou patrocinei Fake News contra membros do Supremo Tribunal Federal ou contra a instituição. Jamais fiz isso. pic.twitter.com/lOmV7CKb1g
— Luciano Hang (@luciano_hang) May 27, 2020
O deputado federal criciumense Daniel Freitas classificou a operação como um absurdo. E questionou o motivo da operação alegando que o STF era apenas 'zuado'. Até o momento, há a informação que quatro deputados federais do PSL foram alvos da operação, incluindo Carla Zambelli, que foi personagem importante no embate entre Moro e o presidente Jair Bolsonaro. A deputada Bia Kicis, que dias atrás atacou o ministro Celso de Mello em vídeo, também teve equipamentos eletrônicos apreendidos.
ABSURDO. Não existe outra palavra que resuma oq o STF está fazendo. Confiscar computadores e celulares pq foram zuados em twitter? Pq não aguentam tomar umas cacetadas do povo por aqui? Então quer dizer que ninguém pode dizer nada, apenas Amém para Vossas Excelências?
— Daniel Freitas (@DFDanielFreitas) May 27, 2020
Os filhos do presidente também se manifestaram no Twitter. O vereador Carlos Bolsonaro da a entender que a ação policial foi proposital. Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro alega que as atitudes do STF vão de encontro a Constituição. O assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, aponta que jornalistas, humoristas e cidadãos comuns foram tratados como bandidos.
O que está acontecendo é algo que qualquer um desconfie que seja proposital. Querem incentivar rachaduras diante de inquérito inconstitucional, político e ideológico sobre o pretexto de uma palavra politicamente correta? Você que ri disso não entende o quão em perigo está!
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) May 27, 2020
Danilo Gentili chamou o inquérito de autoritário, mas questionou que muitas pessoas que estão criticando a ação do STF, apoiaram as manifestações que pediam o AI-5 nas últimas semanas. O deputado federal do Rio Grande do Sul, Marcel Van Hattem, lembrou que o senador Flávio Bolsonaro foi contra a criação da CPI da Lava Toga. A jornalista Gabriela Prioli fez uma reflexão sobre pesos e medidas.
Ótima oportunidade pra avaliarmos coerência. Busca e apreensão de celular do chefe do poder executivo pode, desde que não seja o meu ou “dos meus”? A atuação da PF receberá hoje a mesma avaliação de ontem? Aguardemos...
— Gabriela Prioli (@GabrielaPrioli) May 27, 2020