“A gente sentiu um pouco do que viveu o povo mineiro. É uma tragédia gigantesca. Apesar disso, a população é muito forte, nos auxiliaram como podiam e nos sentimos muito acolhidos. Quem falar que esteve lá e não se sensibilizou, estará mentindo, não tem como não ficar fragilizado”. Este é o relato do bombeiro militar natural de Turvo que foi a Brumadinho ajudar nas buscas às vítimas da tragédia ocorrida no dia 25 de janeiro. O 1º tenente Daldrian Scarabelot atua em São José, de onde partiu, no último dia 18, com a quarta equipe da Força Tarefa do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) que foi à Minas Gerais. Ele e os 11 colegas de farda retornaram para a Grande Florianópolis nessa quinta-feira, dia 28.
Após nove dias de viagem, sendo sete de trabalho na cidade mineira, ele afirma que o desastre é muito maior do que os noticiários conseguem mostrar e que “o que mais impactou foi a proporção da tragédia em si, por isso a perspectiva de trabalho ainda é grande, tem muita coisa a ser feita ainda”. A corporação catarinense auxiliou as ações que já são executadas pelos bombeiros de Minas Gerais desde o ocorrido, mas atuou, principalmente, na busca de corpos de pessoas desaparecidas com auxílio de cães.
“Saíamos a campo diariamente. Por volta das 6h30, 7 horas recebíamos as orientações passadas pelo Corpo de Bombeiros mineiro e íamos para os locais designados por eles. Passávamos o dia todo fora para localizar corpos ou o que eles chamam de segmentos, que são partes de corpos, pois a força da lama foi muito grande quando a barragem rompeu e destruiu o que encontrou pelo caminho”, conta.
Sobre isto, o 1º tenente acrescenta: “Dependendo do local, a lama chega a 15 metros de profundidade. Por isso o auxílio dos cachorros é tão importante, eles conseguem localizar corpos e segmentos onde nenhum bombeiro consegue”. A equipe coordenada por Scarabelot – ele foi designado para a coordenação por ter mais tempo de corporação entre o grupo que viajou nesta quarta vez – era formada, principalmente, por bombeiros com experiência na pilotagem de drones e os chamados cinotécnicos, os quais atuam em binômio: bombeiro militar e cão.
Além dos cachorros treinados, o grupo catarinense também trabalhou auxiliado por maquinário pesado, já que era preciso escavar onde os animais sinalizavam que poderia haver algo. Em contraponto, em alguns locais era necessário fazer uma drenagem antes que os binômios pudessem atuar, pois há muitas áreas alagadas, as quais são intransitáveis. “Mesmo com todas as equipes que já trabalharam e ainda estão trabalhando em diferentes locais todos os dias, tem muita área que não foi explorada ainda. Um dos sentimentos que a gente teve ao sair de lá é que ainda tem muito a ser feito”, ressalta.