Diretor da Associação Empresarial de Criciúma (Acic) e presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmica (Sindiceram), Otmar Josef Muller, traçou um panorama sobre o setor cerâmico na região, durante reunião de diretoria da Acic nessa semana. Além de fazer um resgate histórico sobre o segmento e as transformações ocorridas a partir de aquisições, incorporações e fusões de companhias, Muller apresentou dados relacionados ao desempenho e os desafios enfrentados pelas empresas.
Conforme o relato, o setor tem percebido oscilações ao longo das duas últimas décadas, partindo de um total de 77 milhões de metros quadrados vendidos em 2001 para 122 milhões negociados em 2021, dos quais, 22% para exportações e 78% para o mercado interno. "Essa produção representa 12% da produção nacional de revestimentos cerâmicos, mas já significamos 30% no passado", explica Muller.
"Na primeira década deste milênio, a produção ficou estagnada. A partir de 2010, voltou a haver o crescimento da produção e alcançamos um novo patamar. Entre 2016 e 2017 houve nova queda, devido à recessão. Após este período recomeçaram maiores investimentos, em modernização, aumento da capacidade e novos produtos que possibilitaram a elevação da produção e das vendas a partir de 2019", expõe. "Nessa época ocorreram significativas alterações na composição societária em algumas das principais empresas da região, com significativo aporte de capital e mais investimentos", pontua.
Em 2020, o desempenho foi prejudicado pela pandemia. Em 2021, houve o reflexo dos investimentos realizados nos anos anteriores, quando foram alcançados o pico de produção e de receita, atingindo R$ 4,2 bilhões em faturamento. "Esse incremento foi motivado também por produtos de maior valor agregado. Houve um crescimento muito grande da produção de porcelanatos e de novos grandes formatos", declara.
Elevação dos custos
De acordo com o diretor, no primeiro semestre deste ano houve uma queda inesperada no volume de vendas no mercado interno. Comparando junho de 2021 com julho de 2022, a redução no mercado interno chegou a 23%.
"Nesse período, temos que considerar também a inflação e os custos. O INPC, que se reflete em mão de obra e serviço de terceiros, foi da ordem de 12%. O gás natural aumentou 82% durante o ano passado. O aumento dos combustíveis e a desvalorização do real, refletiram na elevação dos preços", enumera. Santa Catarina tem atualmente a terceira maior tarifa de gás natural do Brasil. O preço e a escassez na oferta do insumo estão entre os principais entraves ao crescimento do setor.
"Também enfrentamos dificuldades relacionadas aos custos logísticos, tanto para alcançar o principal mercado brasileiro, a região Sudeste, para onde vai mais de 50% da produção, quanto para as exportações, que são realizadas via Itajaí e outros portos, pois não há linhas internacionais competitivas em Imbituba", coloca Muller.
"A apresentação nos trouxe muitos esclarecimentos, mostrou diferentes aspectos relacionados ao setor e nos permitiu ter uma ideia das perspectivas, o que podemos esperar para o futuro", avalia o presidente da Acic, Valcir José Zanette.
O setor em números
- 13,92% do valor adicionado na Região Carbonífera vem do setor cerâmico. Em Criciúma, a participação é de 20,4% do valor adicionado, sendo a principal atividade econômica da região.
- 6.224 empregos diretos, com piso salarial de R$ 1.973, sendo que as principais empresas pagam valores maiores, em média 15% a mais para a função de operador industrial.
- 315 mil toneladas de matérias-primas são processadas por mês, o equivalente a 470 carretas por dia;
- 130 mil pallets de madeira são consumidos mensalmente;
- 12 mil toneladas são consumidas por mês de esmaltes e tintas;
- 270 mil toneladas de produtos acabados por mês, que representam 450 carretas diariamente.