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Do casarão, um telegrama para Juscelino

No capítulo 15 de "Centro Cultural Jorge Zanatta", de presidente para presidente, de Wilson Barata para Juscelino Kubitscheck

Por Denis Luciano Criciúma, SC, 22/11/2018 - 11:05
Reprodução / Tribuna Criciumense, 27/8/56
Reprodução / Tribuna Criciumense, 27/8/56

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Em uma audiência com mineradores e engenheiros do Plano Nacional do Carvão, naquele início de agosto de 1956, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Criciúma reuniu as ideias para escrever o telegrama mais importante da sua rica trajetória profissional. Wilson Barata era dos mais ilustres criciumenses do seu tempo. Um empreendedor de primeira, de liderança inquestionável.

Não poderia haver melhor presidente para a nossa associação nesses tempos, atestava o prefeito Addo Faraco. Barata era um parceiro do Plano do Carvão. Por isso o inquietava, ao fim daquela conversa na qual estavam o prefeito, alguns mineradores e engenheiros, o conteúdo: a crise da indústria carbonífera. Era preciso se fazer ouvir. A ideia. Reunir um bom palavreado em um contundente telegrama endereçado ao senhor presidente da República. “Não vai chegar nele”, disse um, incrédulo.

Wilson Barata perseverou. Liderou a redação. Reuniu as ideias. Escreveu. E mandou. A falta de destino para o carvão regional e a consequente necessidade da construção de uma usina termoelétrica para absorver a produção, garantir a venda e fazer girar a economia regional. Eis a principal de tantas bandeiras que se erguia naqueles tempos. Jorge Lacerda em Capivari de Baixo ainda era uma utopia.

Tribuna Criciumense em 27 de agosto de 56 transcreve a resposta vinda do Rio de Janeiro. Assinada por Alvaro Lins, chefe da Casa Civil da presidência, a correspondência confirma que chegara à mesa do presidente Juscelino o clamor saído dali, do casarão da Pedro Benedet. Diz o telegrama presidencial: “Sr. Presidente da República incumbiu-me de acusar o recebimento de seu telegrama de onze do corrente, cujo assunto sua Excelência ponderará com o apreço que lhe merecem interesses desse Estado e interferência dessa Associação. Saudações cordiais”.

Mas, e na prática. Por aqueles dias, sucederam-se reuniões. Wilson Barata, Paulo Preis, Diomício Freitas eram as lideranças que representavam comércio e indústria, Assembleia Legislativa e mineradores na discussão de rumos. “A crise da indústria carvoeira, gerada pelos estoques depositados nas minas”, mancheteava o jornal do Pimentel. O diretor do Tribuna Criciumense era, por sinal, ativo participante dos debates que venciam as paredes do casarão.

A mineração estava engessada. Havia pilhas e pilhas de toneladas de carvão estocados nos pátios das minas, e sem saída garantida. Faltava mercado. Era urgente uma solução. E as luzes acesas nas noites e madrugadas no casarão indicavam que aqueles últimos anos de Plano do Carvão por ali seriam cansativos. Últimos anos? Isso é conversa para a próxima.

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