Em mais um dia de tensão por causa do impacto do novo coronavírus sobre a economia, o mercado financeiro voltou a registrar turbulências. Em alta pela sétima sessão seguida, o dólar voltou a fechar no maior valor nominal desde a criação do real. Nesta quinta-feira, 27, o dólar comercial encerrou a sessão vendido a R$ 4,475, com alta 0,7%. Depois de registrar a maior queda diária em quase três anos, a bolsa voltou a cair.
O dólar operou em alta durante toda a sessão. Na máxima do dia, por volta das 11h40, a cotação chegou a R$ 4,50. Desde o começo do ano, o dólar acumula valorização de 11,52%. O euro comercial fechou o dia vendido a R$ 4,924, com alta de 1,63% nesta quinta-feira.
No mercado de ações, a bolsa voltou a enfrentar mais um dia de queda. O índice Ibovespa encerrou esta quinta-feira aos 102.983 pontos, com recuo de 2,59%. Ontem, o indicador caiu 7% e teve o maior recuo para um dia desde 17 de maio de 2017, quando havia caído 8,8% após a divulgação de conversas do então presidente Michel Temer com Joesley Batista, dono da JBS. O episódio ficou conhecido no mercado financeiro como 'Joesley Day'.
Para demonstrar o tamanho da retração na economia do mundo, a bolsa nos Estados Unidos também está sentindo os impactos. "O Dow Jones, um dos índices da bolsa americana, promoveu a sua maior queda em pontos da história nesta quinta-feira. Foi mais de 4%, para um mercado que é bastante consolidado. É uma batida que assusta", comentou o economista Lucas Rocco.
As ações da Gol caíram 22% em apenas dois dias. "Normalmente uma empresa aérea vai sofrer mais pelos cancelamentos de viagens. Mas o lado positivo é que o combustível tende a ficar mais barato, o petróleo está em US$ 45 o barril. Ele caiu ontem e segue caindo na manhã de hoje", avaliou Rocco.
Nas últimas semanas, o mercado financeiro em todo o mundo tem atravessado turbulências em meio ao receio do impacto do coronavírus sobre a economia global. Além da interrupção da produção em diversas indústrias da China, a disseminação da doença na Europa e a confirmação do primeiro caso no Brasil indicam que outras economias podem reduzir a atividade por causa do vírus.
Com as principais cadeias internacionais de produção afetadas, indústrias de diversos países, inclusive do Brasil, sofrem com a falta de matéria-prima para fabricarem e montarem produtos. A desaceleração da China também pode fazer o país asiático consumir menos insumos, minérios e produtos agropecuários brasileiros. Uma eventual redução das exportações para o principal parceiro comercial do Brasil reduz a entrada de dólares, pressionando a cotação.