A cada dia, cada vez mais mulheres despontam como lideranças empresariais. Um movimento que só cresce e, pouco a pouco elas vão conquistando o seu espaço no mercado de trabalho.
Conforme a pesquisa Women in Business 2020, da Grant Thornton International, as mulheres ocupam 34% dos cargos em diretoria executiva nas empresas brasileiras, o que representa um aumento de 9% em relação a 2019. Os números colocam o país na 8ª colocação no ranking composto por 32 países, além de superar a média global (29%).
Vânia Menegalli Munge faz parte deste processo. Ainda muito jovem, ela percebia as dificuldades enfrentadas pelos pais em suas empresas, o que despertou nela a vontade de buscar soluções, rumando para o ramo da psicologia.
Daí, em 1996, ela fundou a Excelência RH, e passou a auxiliar diversos empresários do Sul do país. “A minha mãe tinha uma lavanderia e tinha problema com falta de funcionários, maquinário, estrutura e o meu pai uma mini metalúrgica que enfrentava as mesmas coisas. Eu acompanhei desde cedo este movimento, me formei em Psicologia e sempre pendi para o lado organizacional. Sempre tive muitas solicitações de empresas para desenvolver atividades, então montei a minha empresa com uma equipe que faz toda a gestão de pessoas para empresas do Sul do país”, explica.
Após a formação em Psicologia, Vânia ainda buscou se aprimorar mais para oferecer um serviço cada vez melhor aos clientes. “Desde o momento que percebi a dificuldade da minha família em atuar, pensei no quanto a psicologia pode ajudar, fiz mestrado em ciências médicas, mas focado na ansiedade, interação e experiência. A nossa missão é o quanto podemos fortalecer pessoas, equipes, times e empresas. Porque é com isso que vai constituir a força”, afirma.
Obstáculos, sim! Problemas, não!
Há 15 anos como empresária, a gestora da Ademicon, a maior administradora independente de consórcios do Brasil nos segmentos de imóveis e pesados, Lizandra Casagrande Klaus, diz que estar nesta posição é o maior aprendizado que alguém pode ter. “É o maior mestrado. O maior doutorado que uma pessoa pode ter em seu currículo, onde a gente se doa e recebe muito em troca de forma involuntária. As dificuldades que encontramos em uma caminhada como esta, quando se tem um objetivo bem definido, se tornam obstáculos, mas não problemas. No meio de tudo isso, com grandes mentores, aprendi que quando se tem uma dificuldade, ela tem que ser administrada. Não me arrependo de nada que fiz ou deixei de fazer na minha trajetória como mulher empresária”, conta.
Para Lizandra, mais que prosperar, ser empresária tem também o objetivo de gerar oportunidades. “Temos a missão de oportunizar novos profissionais, talentos, a fazer, junto comigo, a construção e o sucesso, seja qual for o segmento que a pessoa escolha para atuar, no meu caso vendas, com pessoas motivadas, atenciosas e que queiram fazer a sua história também. As conquistas são muitas, principalmente o protagonismo. Não coloco dificuldades porque sempre estive certa de quem sou, a competência, o conhecimento e humildade em dizer quando não sei algo e aprender mais”, completa.
Associativismo que fortalece
Da menina que despertou o espírito empreendedor ao auxiliar o pai e a mãe, Vânia chegou hoje à coordenação do Núcleo de Mulheres Empresárias de Criciúma. O órgão, sediado na Associação Empresarial de Criciúma (Acic), existe há mais de 20 anos e conta com 25 integrantes.
Para a empresária, o órgão contribui com o desenvolvimento do empreendedorismo feminino. “Pesquisas recentes mostram que 45% dos lares são sustentados por uma mulher empreendedora e ela precisa de um suporte para se fortalecer porque muitas vezes não tem conhecimento de finanças, entre outras, então o núcleo existe para colaborar com estas mulheres”, relata.
A vice-coordenadora do Núcleo, Kátia Soratto cita exemplos de mulheres que encontraram no Núcleo o auxílio que precisavam para evoluir em seus negócios. “Temos histórico de nucleadas que entraram fragilizadas devido à problemas que vinham enfrentando. Elas que a teve força do núcleo no seu crescimento, porque tiveram apoio, informação e conhecimento. Dentro das nossas atividades, promovemos o que chamamos de noites do conhecimento, que inicialmente era somente interna, mas com a pandemia passamos a trabalhar de forma online para as nucleadas e para fora, sempre buscando que vão servir para todas”, comenta.
Professora, Kátia é uma das gestoras da Supera Ginástica para o Cérebro, uma franquia que existe no Brasil há 16 anos e que ela, ao lado da sócia, trouxe para Criciúma há pouco mais de um ano. “Vários de meus familiares sempre foram da área do comércio e eu desejei ter o meu negócio, empreender. E como professora, sendo da área de gestão, me especializei em finanças, então eu queria empreender em algo que eu poderia juntar a educação e colocar o meu conhecimento na parte financeira, aí surgiu o Supera”, revela Kátia, acrescentando que mesmo assim segue atuando como professora.
A maior faculdade
Lizandra fala que como empresária busca conhecimento de forma constante, mas os maiores aprendizados são obtidos por meio do Núcleo de Mulheres Empresárias. “Tenho vários cursos, mentorias que fazem parte da minha trajetória, mas o maior mentor de tudo foi o trabalho do associativismo através do núcleo. Nele tive um crescimento como mulher empresária, protagonista da minha história. Atuei em Araranguá no núcleo, no conselho estadual, precisei me afastar para me dedicar a abertura das novas unidades e hoje estou no núcleo de Criciúma. A importância de tudo isso é o crescimento e o amadurecimento porque faço parte de um grupo de 25 grandes mulheres empresárias, cada uma com a sua história e realidades diferentes. Em cada encontro falamos sobre estarmos nos preparando para este mercado que vem mudando com uma velocidade muito rápida”, frisa.
Kátia Soratto comenta que o maior número de empresárias em Criciúma e região se dedicam a setores como varejo e prestação de serviços. Ela ainda apresenta a sua visão sobre a diferenciação homem e mulher no empreendedorismo. “Pesquisa do IBGE mostra que tem um nível de estudo maior que o homem, mas, mesmo ocupando o mesmo cargo, ganha menos, isso mostra que ainda tem esta diferenciação”, revela.
Presidente da Acic, Moacir Dagostin destaca a participação das mulheres. “Todos os núcleos que temos na associação são importantes e um dos principais é das Mulheres Empresárias, que reúne micro e pequenas empreendedoras que são guerreiras e que dão a sua contribuição. Tudo que elas fazem, elevam com muito carinho”, enfatiza.
Gaúcha de Porto Alegre, a advogada Miriam Schelp chegou em Criciúma em 1981 e fundou o seu escritório de advocacia um ano depois.
Atuando na área da família, empresarial e bancário, ela possui uma relação estreita com o Núcleo de Mulheres Empresárias. “Fazer parte do núcleo é uma experiência maravilhosa, fizemos amizades, troca de conhecimento, aprendemos a viver e amar ao associativismo, que agrega muito à nossa vida empresarial”, expõe a advogada que, através do núcleo, ocupou uma cadeira na diretoria da Acic por dois mandatos e hoje faz parte do Conselho Superior.
Miriam relata como é ser empresária. “Com o crescimento da demanda, aumentei a empresa e, consequentemente, o número de colaboradores que chegou a 22 pessoas. Ser empresária é algo desafiador, mas gratificante, exige liderança e organização”, pontua.