Há exatos seis anos, Criciúma registrava um dos crimes mais bárbaros da região, o que, consequentemente, gerou uma intensa repercussão no Sul catarinense. No dia 13 de setembro de 2012, Iva Justino Marcolino, de 71 anos, foi assassinada com três golpes de machadinha na cabeça, por um andarilho que vinha ajudando há quase um mês.
Ela era proprietária da floricultura Floriva, localizada na Rua Marechal Deodoro, Centro de Criciúma, e morreu nos fundos do próprio estabelecimento, depois de ter deixado o autor do latrocínio entrar no local. Mãe de três filhos, na época dona Iva possuía seis netos e netas. E foi um deles que encontrou o corpo, já sem vida.
No fim do mesmo ano, Lucas Torres Adams, com 31 anos, foi condenado a 27 anos de prisão por ter cometido o crime. Hoje ele permanece detido na Penitenciária Sul, de Criciúma, cumprindo sua pena.
O recomeço em família
Desde o registro da tragédia, a Floriva foi assumida pelo filho mais novo de dona Iva, o pastor da Igreja Batista Betel Renovada, Fernando Machado. Segundo ele, foi em família e com a fé fortalecida, que os mais próximos conseguiram seguir em frente.
“O princípio foi bem difícil, a gente sabe que todo início de uma tragédia é bem difícil. Deus e o tempo vão nos fazendo superar o trauma devagarinho, e aí fica a lembrança, a marca e a saudade. Nossa família encontrou em Deus o alicerce, foi ele que nos deu essa situação mais cômoda em saber que não podemos trazê-la de volta, mas que algum dia vamos ao seu encontro”, ressalta.
Mesmo depois de seis anos, o pastor nunca teve contato com o homem que tirou a vida de sua mãe. Por isso, não tem uma afirmação definitiva no que diz respeito ao questionamento sobre a possibilidade de perdoar o indivíduo. “Essa questão está condicionada à palavra de Deus sobre a atitude que temos que ter. Vai do posicionamento dele daqui para frente, se ele tiver a atitude correta e entender o que fez, se Deus o perdoar, não somos nós que não o perdoaremos”, explica.
Um trabalho com a marca de dona Iva
Fernando segue tocando a floricultura e, cada dia mais, investindo no negócio que a mãe cuidava com dedicação e muito amor ao próximo. “Tivemos que assumir algo novo para administrar, entender mais o ramo e explorar da maneira como a gente conseguiu. Mas sempre mantendo o mesmo cuidado, tanto que a loja está exatamente como ela deixou”, conta.
Obviamente por conta de toda a situação, a família vive seu dia a dia, tanto na floricultura quanto fora dela, tomando cuidado e com mais precauções.
E sobre o que levam de toda a tragédia, o pastor é muito claro. “A maior lição que a gente tira não é de como vamos morrer, mas como vivemos. Pode ser um fim trágico ou natural, mas o que vai nos dar um respaldo acerca da vida é como atuamos na terra. Minha mãe teve essa vida de fazer o bem e, por isso, continuamos. Ela deixou uma marca, viveu como pode, tentando ajudar o próximo dentro do que propôs o seu coração”, finaliza o filho.