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Em pandemias, a segunda onda de contaminação pode ser pior do que a primeira

Afirmação foi feita por doutor em História da Saúde, em entrevista a Rádio Som Maior

Por Redação Criciúma - SC, 03/05/2020 - 20:33
Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

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Em entrevista ao Programa Adelor Lessa, na Rádio Som Maior, o doutor em História das Ciências e da Saúde, Christian Fausto, explicou similaridades da atuação da Covid-19 com outras doenças que atingiram a população ao longo dos séculos. Ele, que também professor da Universidade Estadual de Maringá, afirma que temos que nos acostumar com a nova realidade, diferente da que viviamos até início deste ano. "O ser humano adora rotina. O que as pessoas querem é voltar àquela vida que tinham antes. O processo de entender que essa vida de antes não existe mais é demorado. A retomada à normalidade pode levar muito tempo"

O professor alertou que seja observado as atitudes de nossos representantes neste momento crítico. "Vários aspectos do que acontece agora eu observei em outros momentos da história humana. Em relação ao comportamento das pessoas com a epidemia, muitos tem politizado muito a discussão e muitas pessoas seguem no processo de não acreditar no vírus. Algo que a gente tenha que tomar cuidado é relacionado a postura de políticos", comentou.

A gripe espanhola, que matou entre 50 a 60 milhões de pessoas entre 1918 e 1919 é foi usada como comparação pelo doutor. "Similaridades sinistras e que preocupam muito. No Brasil foram 35 mil mortes, pela população da época é expressivo. Em 1918 as autoridades negaram a gripe espanhola. O presidente dos EUA na época não fez uma manifestação pública a cerca do que estava acontecendo. Ele se negava a acreditar. No Brasil o presidente da república morreu de gripe espanhola", contou. "No Rio de Janeiro a polícia saía de noite na rua e se te encontrasse na rua, te levava para o cemitério e te fazia trabalhar de coveiro. Você passava a noite cavando para enterrar as vítimas da gripe espanhola", relembrou.

O pânico em que a população entrou na época levou a medidas desesperadas. "As pessoas começavam a tomar desesperadamente aspirina. A dosagem indicada naquele momento era de 30 gramas, muitas pessoas morriam usando aspirina. Hoje é a mesma coisa com a cloroquina, sendo que não tem nenhum estudo conclusivo de que ela cura a Covid-19", relacionou Fausto. 

Enquanto não se tem cura, nem vacina para a Covid-19, a quarentena continua sendo o melhor aliado, tanto para a crise sanitária quanto para a crise econômica. "O ser humano conhece os processos de quarentena há muito tempo, desde a Bíblia. A peste negra, no século XIV, teve dezenas de ondas. As pessoas começavam a fazer a quarentena, quando a coisa começava a melhorar, retomavam os ciclos econômicos e a praga retomava. Em muitas pandemias, a pior onda não é a primeira, é a segunda", explicou o doutor em História da Saúde. "É muito triste dizer isso, mas não existe uma grande pandemia que não trouxe crise econômica. Porque as pessoas morrem. Na Filadélfia as normas de isolamento social foram ignoradas em 1918, porque tinha evento para reunir verba para a Guerra. Houve enorme aglomeração nas ruas e semanas depois a cidade é a mais afetada por gripe espanhola nos Estados Unidos", contou.

"O empresariado tem que entender que vai ter uma crise, sim. Mas se não manter minimanente as restrições, a crise econômica vai ser muito pior. Vai se estender, vai matar mais gente e levar a novas e subsequentes crises em outros setores, como por exemplo uma pessoa que quebra uma perna na rua e não vai ter onde tratar", explicou. "Cuidados com o corpo humano, de proximidade, vão se tornar muito diferentes. O Japão tem maior facilidade de combater o vírus porque eles já tem uma cultura de distanciamento social ao contrário da nossa. A gente adora se abraçar, tocar, beijar. Vamos ter que rever alguns hábitos culturais para combater o vírus", prevê o especialista.

"Investimento em pesquisa e ciência, é uma área em que o retorno leva algum tempo, mas estudos demonstram que cada um dólar investido em pesquisa dá um retorno de 80 dólares. Nossa fé hoje é toda depositada na ciência", concluiu.

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