A quarentena já perdeu o fôlego. Perceptível pela quantidade de pessoas nas ruas no dia em que Criciúma alcançou a marca de 15 pessoas infectadas com coronavírus. As autoridades, enquanto isso, vem sendo recorrentes nos seus apelos para que as pessoas permaneçam em casa no foco da luta contra a propagação da Covid-19. Bastou uma breve circulada pela cidade por volta das 14h30min desta terça-feira, 31, para que a reportagem verificasse a situação.
Na Avenida Centenário, carros às dezenas indo e vindo na altura do Parque das Nações, na Próspera. Chegava a haver formação de filas quando do semáforo no vermelho. Não chega a ser um movimento de dia útil normal, mas se aproxima de um sábado animado. E a quarentena? "Eu precisei dar uma saidinha rápida", contou o professor Adriano Santos, 38 anos, de Criciúma, que deixava apressado uma agência bancária quando abordado.
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O prefeito Clésio Salvaro faz questão de buscar, com a Diretoria de Trânsito e Transportes (DTT), os números de carros circulando pela cidade para embasar a sua crítica. "É muito carro na rua, é muita gente na rua", reclamou, ao citar dados dos quatro últimos domingos: no dia 8 de março circularam 459 mil veículos pelas ruas de Criciúma, número que oscilou para 362 mil sete dias depois - já com o coronavírus rondando a cidade -, baixou a 113 mil no dia 22 (o menor contingente até agora, durante a pandemia) e chegando a 164 mil veículos no domingo passado. "Esse número está crescendo, isso é preocupante pois está provado que o isolamento social é a grande arma contra o coronavírus", reforçou Salvaro.
Os carros nas ruas de Criciúma:
8/3 - 459 mil
15/3 - 362 mil
22/3 - 113 mil
29/3 - 164 mil
Mesmo com o comércio fechado por força de decreto, o movimento não era nulo na área central de Criciúma nesta tarde. Na Rua Marcos Rovaris, na quadra entre Marechal Deodoro e Pedro Benedet, faltavam vagas de estacionamento. Havia até duas obras em andamento, em prédios vizinhos, onde funcionam estabelecimentos comerciais. Um deles, visivelmente, estava em reformas, com trabalhadores atuando normalmente.
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Na Praça Nereu Ramos, a reportagem contou, perto das 15h, ao menos dez pessoas sentadas em bancos, algumas aos pares ou até em trio, como na foto abaixo, em um local defronte à Igreja Matriz São José.
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Na extensão da praça no cruzamento com a Rua Seis de Janeiro, quatro estabelecimentos vizinhos abertos. Em uma esquina, a loja de uma rede de fast food, cujo atendente trabalhava de máscara e não há consumo de lanches no local. O cliente que comprar, apanha e se retira. Defronte, na outra esquina, uma farmácia, que se encontrava vazia quando da passagem da reportagem. Ao lado, uma agência lotérica, que tinha apenas um cliente naquele instante, e em seguida uma sorveteria, também de portas abertas. Depois, separada por uma loja de calçados fechada, havia outra farmácia atendendo aos seus clientes.
"Não tem problema nenhum. O presidente tem razão", disse a aposentada Marlene Ricco, que havia acabado de deixar um dos bancos da praça ao observar a presença da reportagem. Pouco antes, uma viatura da Defesa Civil passou pela praça, seguida por outro carro oficial.
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A ordem de fechamento do comércio segue valendo até o próximo dia 7, conforme o decreto publicado nesta terça-feira, 31, pelo governador Carlos Moisés. "Eu sigo a lei. Por isso, não abrimos o comércio. Eu não quero vir a público como aquele prefeito da Itália pedir desculpas, dizendo que é uma gripezinha para depois medir quantas pessoas morrem por minuto", comentou o prefeito Salvaro, quando indagado sobre a continuidade da quarentena.
Confira também - Salvaro: "Não quero ter que pedir desculpas depois"
Agências bancárias e lotéricas funcionaram pelo segundo dia, depois da autorização estadual. Nas lotéricas, o movimento era mínimo. Nos bancos, que trabalharam até as 14h, nenhum sinal de aglomeração ou movimento intenso.