O gás natural voltou a ser pauta da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), com a reunião de diretoria com a presença do presidente da SC Gás, Otmar Müller, e representantes do setor industrial. Em discussão, ações planejadas pela companhia para ampliar a oferta e reduzir os custos do insumo.
"A Acic entende a importância de promover o debate sobre questões que podem alavancar o desenvolvimento socioeconômico da região. Ter uma fonte energética confiável e acessível é fundamental para que as empresas prosperem, por isso, incentivamos as discussões em torno desse tema", salienta o presidente da entidade, Valcir José Zanette.
Müller detalhou investimentos realizados pela empresa desde o início das operações, em 2000, na ampliação da capacidade de fornecimento, a evolução do consumo do gás natural, bem como nas alternativas buscadas para a diminuição de custos, os desafios atuais e o planejamento para os próximos cinco anos.
A companhia pretende expandir a rede de distribuição em 428 quilômetros e chegar a mais nove cidades catarinenses – atualmente, são 72 municípios atendidos, com clientes nos segmentos industrial, automotivo, comercial e residencial.
"Pretendemos avançar com mais celeridade para o interior. No segundo semestre de 2024 será concluído o gasoduto do Planalto Serrano. E neste período, iniciaremos o desenvolvimento de uma rede local no Planalto Norte, inicialmente abastecida por via rodoviária, da mesma forma que ocorreu em Lages, em 2018. No Sul, serão feitas interligações entre os ramais de Tubarão, Urussanga e Nova Veneza, visando equilíbrio e segurança operacional, com investimento previsto de R$ 97 milhões", esclarece Müller.
"E já está em construção uma quarta saída do gasoduto Gasbol em Siderópolis e, com isso, aumentaremos a capacidade de fornecimento para a Região Carbonífera em 43%, chegando a 1,8 milhão de metros cúbicos por dia. Assim corrige-se o gargalo que havia no período de 2020 a 2022, impeditivo para a expansão industrial desta região", completa.
Redução no consumo
Se anteriormente havia restrições no abastecimento, agora a principal preocupação da companhia é com a queda no consumo. "Comparando o mês de janeiro dos últimos três anos, estamos muito abaixo do que já estivemos no passado. Essa redução de 25% do consumo onera a tarifa unitária repassada aos consumidores, pois parte significativa dos gastos são fixos", explica Müller.
Segundo a SC Gás, a redução do consumo é decorrente da queda de atividades nos setores da construção civil e automobilístico.
"Ao longo de 2023, a SC Gás conseguiu reduzir a tarifa, na média, em 28,7%, fruto da redução gerada pelos novos contratos com a Petrobras, posteriores ao pico da pior crise no custo de aquisição já havida no mercado internacional", reforça.
Preço e competitividade
Müller observa que vários fatores interferem no custo final do gás e a companhia tem trabalhado no sentido de amenizar esses impactos. Entretanto, conforme avaliação dos empresários presentes na reunião, a competitividade das empresas do Sul catarinense ainda é comprometida devido à tarifa praticada.
"É inegável que tivemos até aqui avanços importantes em relação à tarifa do gás natural, entretanto, é preciso entender essa bandeira de uma tarifa justa e equilibrada em relação ao nosso maior mercado concorrente, que é São Paulo", afirma Manfredo Gouveia Júnior, presidente da Câmara de Assuntos de Energia da Fiesc.
Desafios futuros
O presidente da SC Gás também apresentou as estratégias da companhia para melhorar a competitividade do suprimento. Entre elas, recuperar os volumes de vendas nos segmentos industrial e automotivo (urbano e rodoviário), para diluição de custos.
Ele ainda relatou as iniciativas com relação à interiorização pelo gasoduto até Lages e a implantação da rede local no Planalto Norte e à busca de viabilização da produção de biometano no Centro/Oeste, bem como ações para incentivar o desenvolvimento do setor termoelétrico, preservando condições para o desenvolvimento econômico do Estado, sendo um agente proativo no Programa de Transição Energética Justa no Complexo Jorge Lacerda e Região Carbonífera.
Participação
Estiveram presentes no encontro também o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Cerâmica de Criciúma (Sindiceram), Luiz Alexandre Zugno, o diretor industrial de revestimentos cerâmicos da Dexco, Rodrigo Guedin, o presidente do Sindicato das Indústrias Químicas do Sul Catarinense (Sinquisul), Marcos Vefago, e o diretor geral da Esmalglass, João Batista Borgert.
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Colaboração: Deize Felisberto