Os produtores de suínos de Santa Catarina estão contabilizando prejuízo atrás de prejuízo. Reuniões já foram feitas com políticos e autoridades, mas até agora nenhuma resposta. Propriedades rurais estão sendo fechadas. Já a suinocultura catarinense vai bem, com o mercado externo aquecido e as exportações em alta. O alerta do contrassenso foi dado pelo presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, em entrevista ao programa Adelor Lessa desta quarta-feira (30).
"Temos a suinocultura e o suinocultor. A mídia mostra as exportações bombando e os mercados se abrindo. E o suinosultor é diferente. Essas duas coisas não andam juntas. Gosto de explicar isso porque alguém pode pensar que estamos chorando de barriga cheia. Mas, a realidade, uma saca de milho que um ano atrás comprávamos a 40 reais, está 110 hoje. O farelo de soja, que é utilizado para a fabricação da ração, que era 2 mil a tonelada passou para 3.100 reais. E o preço do suíno que estava a 7 reais, hoje está 4,60. Veja a desproporção. O que precisamos é equalizar a produção que cresceu exageradamente", alerta.
As perdas dos suinosultores tiveram início desde o ano passado. "Em 2021, foram 110 reais de prejuízo por cada animal de 100kg comercializados no mercado independente. E esse ano, o custo só tem se intensificado, principalmente após o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. A dificuldade é grande e nós, que já vínhamos tratando com a área política no ano passado, só virou em promessas. Esse ano também a gente vê que a maioria só estão fazendo política para se reeleger e nós precisávamos mostrar que a situação chegou ao fundo do poço. Esse manifesto foi para isso", informa Losivanio.
Nesta terça-feira (29), um protesto pacífico dos produtores de suínos foi realizado no centro de Braço do Norte, onde 8 mil quilos de carne suína foram distribuídas para a população.
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O presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi, pontua o que o Governo do Estado poderia fazer para auxiliar o setor. "O Estado não pode fazer muito, mas solicitamos que eles zerasse o ICMS da carne na venda final ao consumidor, que são 7%, para diminuir e incentivar o consumo. A segunda medida, era o Governo do Estado marcar uma reunião com o presidente da república e o ministro da economia para mostrar a nossa realidade. O produtor está produzindo alimento, não é nada irregular. E chegamos ao ponto de propriedades sendo fechadas, produtores perdendo milhões de reais de geração que investiu em propriedade rural, e não tem lucro nenhum", finaliza.
Confira o podcast da entrevista do presidente, Losivanio Luiz de Lorenzi: