A região dos bairros São Domingos, Espigão da Pedra e Vila Maria, em Criciúma, seguem aguardando a pavimentação de 11 quilômetros de vias. A reivindicação é antiga e ganhou força nos últimos tempos. Há dois anos, uma audiência pública foi realizada e teve a indicativa do governo do Estado de aceitar a pavimentação das vias como contrapartida das instalações da Case e do Presídio Feminino na região.
No entanto, nenhuma obra foi feito no local e há o impasse entre prefeitura e governo do Estado sobre as verbas. De acordo com o vereador Ademir Honorato (MDB), houve o repasse de R$ 2 milhões do Governo Estadual, utilizados em outros assuntos pelo poder municipal, além de R$ 1 milhão disponibilizados pelo Tribunal de Justiça do Estado.
“Não sei o que foi feito com esse dinheiro. O prefeito deu três versões: primeiro de que a solicitação para as verbas não era para essas vias, depois que esse dinheiro era para asfaltar 30 e poucas ruas que tinham ficado pra trás em outras partes do município e, por último, disse que esse dinheiro não veio. O governador na época me garantiu de que havia mandado a verba”, afirma Ademir.
A secretária de Obras de Criciúma, Katia Smielevski, nega que tenha havido verbas estaduais para essas obras.
A situação se arrasta e a população vive com os problemas de uma estrada de terra, com carros atolados e danificados pelas condições da via, e a insegurança por viver perto de casas penitenciárias, sem receber uma contrapartida sequer.
“Não há placas indicando onde fica o Case, então as pessoas entram nas vias de acesso de carro, entram nas propriedades para perguntar para onde ir. O pessoal se sente inseguro, não dá pra acusar ninguém, mas a gente não sabe se são familiares de pessoas que estão no Case ou se são aproveitadores. Existe um trânsito bastante intenso de pessoas estranhas, de carros estranhos”, argumenta a presidente da Associação de Moradores de Espigão da Pedra, Rosane Castelan.
Projeto pronto, mas e a verba?
A argumentação de Honorato é de que a obra já tem um projeto praticamente pronto, avaliado em R$ 12 milhões. “A prefeitura está dando zero prioridade”, alega. Os R$ 3 milhões que teriam sido destinados pelo Estado poderiam ser utilizados para a primeira parte das obras, no asfaltamento de 3 quilômetros da rua Pedro Liberato Pavei.
“A prefeitura diz que espera a verba do Estado para fazer a obra. Se houvesse mais empenho, alguma coisa já havia sido concretizada. À medida que a gente pressiona, eles não se opõem, mas nada é feito”, aponta Rosane. A comunidade já perde as esperanças de que alguma atitude seja tomada sobre o assunto. “O que a gente queria é que fosse concretizada de alguma maneira efetiva. A gente percebe que entra governo, sai governo, e fica sempre na promessa. Se diz que a verba vai estar aí, mas fica no vazio”, critica a moradora.
Poeira e lama
Além da insegurança, os moradores convivem com os transtornos de uma estrada com pouca manutenção e nenhuma estrutura para receber o fluxo de veículos, que aumentou com a instalação do Case e da Penitenciária. “A rodovia Narciso Dominguini, de acesso à penitenciária, tem asfalto pela metade e não tem acostamento. A outra metade é mantida com patrolamento escasso, via de regra choveu, acabou-se a estrada. Já acesso ao case não tem nenhum tipo de pavimentação e patrolamento deficitário. É muita poeira e muita lama”, lamenta Rosane.
A secretária Katia Smielevski afirma que há projeto para a pavimentação da rodovia municipal em frente ao Case Sul, mas "não há recursos municipais alocados para a execução, porque o município aguarda que a secretaria de Justiça do Estado cumpra o Termo de Compromisso firmado e apresentado para a comunidade, como mitigação pela possível desvalorização imobiliária causada pelo empreendimento". Não há nenhuma previsão de quando esses projetos podem sair do papel.