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Uma fábrica de fraldas para servir a população carente. Eis uma antiga ideia da Cruz Vermelha de Criciúma que está perto de virar realidade. O maquinário foi comprado, os voluntários estão por serem treinados e a mobilização resulta da grande quantidade de pedidos pelo item.
“A Cruz Vermelha tem cadastradas 48 instituições assistenciais na AMREC, AMESC e AMUREL, e sempre temos dificuldades em auxiliar com este material a todos os locais. Sempre que levamos alimentos, nos pedem fraldas. A Cruz Vermelha tem o espaço, a mão de obra voluntária e, por isso, surgiu a ideia de produzir e distribuir fraldas gratuitamente”, explica o voluntário Almir Fernandes de Souza. Ele conta que ainda não realizou o levantamento da demanda dos locais atendidos, mas já pensa em expandir a distribuição para outras regiões necessitadas.
A máquina para a produção das fraldas já foi adquirida. A forma de compra já teve um caráter especial. Resultou da venda de sucatas, produtos doados à instituição por serem furtados. “Pagamos R$ 7 mil com todos os kits. Ela tem capacidade de produção de até mil fraldas em um dia ou dois, dependendo da disposição dos voluntários e matéria-prima. Serão fraldas adultas e infantis, tem até três modelos de tamanhos”, detalha Fernandes.
Além desta máquina, outra que está em conserto poderá ser utilizada. “A Afasc, já teve uma fábrica de fraldas mas acabou parando pelo custo da matéria-prima. Eu soube que essa máquina estava parada, sucateada, e repassaram à Cruz Vermelha. Pelo estado dela não conseguimos utilizar, levamos para a mecânica do Bairro da Juventude para conserto e está lá. Depois servirá como reserva”, destaca.
O treinamento dos voluntários que vão fabricar as fraldas iniciará nos próximos dias. “Nós iremos às instituições que já possuem uma fábrica para ver como funciona na prática e levar o conceito para dentro da Cruz Vermelha. Vai nos exigir bastante dedicação”, ressalta.
Expansão do projeto
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Criciúma levantou a ideia de levar a fábrica de fraldas para dentro do Presídio Santa Augusta. Assim, os detentos seriam os responsáveis pela produção. “O empresário ou microempresário que quiser diminuir ou se isentar de alguns impostos ajudaria em uma máquina para o presídio e haveria uma produção pelo pessoal interno. Pode até mesmo atender a demanda do presídio, que têm muitas mulheres grávidas que ganham o neném lá dentro”, afirma.
A matéria-prima para produção das fraldas será obtida por meio de parcerias com empresas. “O Siecesc destina uma verba mensal para comprar materiais para a produção, porém eles têm um limite que não será suficiente. Iremos buscar outros parceiros. Outra ideia é de fazer rótulos nos pacotes de fraldas. A cada mil unidades produzidas seria colocado o rótulo da empresa que financiou os pacotes”, esclarece Fernandes.
Farmácia Solidária
Além de distribuir as fraldas diretamente nas instituições, uma possibilidade seria repassar o trabalho à Farmácia Solidária. A organização foi criada pela Cruz Vermelha há 13 anos e, atualmente, é mantida pela Unesc. “Eles tem o cadastro e controle da distribuição de medicamentos, então podem facilmente fazer isso. A gente não pretende fazer filas dentro da Cruz Vermelha para distribuição”, frisa.
Segundo o voluntário, somente no ano passado a Equipe Multi-Institucional arrecadou R$ 2,8 milhões em medicamentos recebidos por doação, que foram encaminhados à Farmácia Solidária para distribuição. “Tudo vai para lá, onde é feita a triagem e colocado à disposição da população. Muitos não sabem que esse local existe e passam trabalho para obter medicamentos. A entidade nos passa mensalmente um controle”, conclui.
