Em 2017 veio a confirmação de uma linha entre o Porto de Imbituba e a Ásia. O primeiro navio a atracar no Sul do estado foi comemorado e recebido de forma especial. Iniciava uma nova era com grande expectativa para toda a região. Passado um pouco mais de um ano, a notícia é diferente e a linha deixou de existir.
O fato preocupa empresários da região, especialmente, aqueles que utilizavam da linha. O assunto já está sendo debatido entre as lideranças empresariais e políticas da região. Uma reunião chegou a ser reivindicada junto à SCPar, mas foi cancelada. O diretor da Associação Empresarial de Criciúma (ACIC), Édio Castanhel, entende que o cancelamento da linha é uma perda para a região. “Muitas empresas daqui usavam essa linha tanto para exportação como para importação e agora a distância até um porto aumenta”, ratifica Castanhel. “Foi uma conquista e agora uma decepção”, acrescenta o diretor.
O vereador Aldinei Potelecki (PRB) também alertou para o assunto, ontem, na sessão do Legislativo, em momento que se discutiam as dificuldades de Criciúma atrair grandes indústrias. Para ele, é preciso atenção ao fim da Linha Ásia, que trará prejuízos ao Sul do estado.
Entre as principais cargas exportadas pela Linha Ásia estavam carne de frango, polietileno e o coque. Na importação, destaque para o ferro fundido e o polipropileno.
Anunciada em 23 de junho de 2017, a linha foi considerada uma conquista da comunidade portuária de Imbituba, que vinha trabalhando em conjunto há aproximadamente dois anos para atrair a escala.
A escala é semanal e conta com 13 embarcações porta-contêineres e atravessa 19 portos entre a América do Sul e a Ásia. O tempo médio de trânsito até a Coreia do Sul, destino final da rota, é de 45 dias. O primeiro navio chegou em Imbituba no dia 5 de setembro de 2017 e, desde janeiro deste ano, seu destino é Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
Busca de novas linhas
O diretor-presidente da SCPar Porto de Imbituba, Jamazi Alfredo Ziegler, coloca que a alternância de linhas de um para outro porto é inerente à atividade portuária. “Armadores e afretadores são quem determinam de onde saem e chegam suas embarcações e mercadorias”, relata.
O trabalho neste momento se concentra em buscar novas linhas para o porto do Sul catarinense. Esse trabalho também é desenvolvido pela empresa responsável por operar os contêineres. “Ter a linha da Ásia retornando para o Porto de Rio Grande não foi uma notícia que nos agradou, nem tão pouco uma que nos tirou o sono. Estamos trabalhando firme para conquistar novas linhas de longo curso e cabotagem. Estamos crentes de que o Porto de Imbituba tem enorme potencial e vamos explorar esse potencial ao máximo, dentro da legalidade”, reafirma.
Porto apresenta bons números no trimestre
Mesmo com o fim da Linha Ásia, a direção do Porto de Imbituba comemora os números do primeiro trimestre deste ano. O impacto real deve ser mais bem avaliado no fim do ano com o balanço geral.
No mês de março foram movimentadas 592.600 toneladas, registrando o maior volume mensal da história. A marca, divulgada pela SCPar Porto de Imbituba, mostra ainda um crescimento de 28% em relação a março de 2018 e de 20,5% no acumulado do primeiro trimestre de 2019, comparado ao mesmo período do ano anterior. Nos três primeiros meses do ano passaram pelo Porto 63 navios e mais de 1,3 milhão de toneladas.
As principais cargas movimentadas em Imbituba foram os contêineres, a importação de coque de petróleo e do sal e a exportação de milho e de soja. A exportação cresceu 46% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período de 2018. Já as importações avançaram 37,4%. A cabotagem, navegação na costa brasileira, teve alta de 16,6%.
Segundo a administração do Porto de Imbituba, a expectativa é que em 2019 passem pelo complexo portuário mais de 5,4 milhões de toneladas em cargas gerais, granéis e conteinerizadas. Se concretizar, será mais recorde, visto que o melhor resultado anual de Imbituba é de 5,2 milhões de toneladas.