Não eram nem 5 horas da manhã dessa quarta-feira (9) e dona Maria Bento Ignácio, de 58 anos, já estava de pé rezando para ter um dia mais positivo. Desempregada há mais de dois anos, ela conta que muitas vezes achou que não teria forças para aguentar a dificuldade pela qual vem passando: “Às vezes a gente pensa no pior”, desabafa.
Logo cedo, dona Maria saiu de casa em direção ao Centro de Araranguá. O destino: a Caravana do emprego do Sine (Sistema Nacional de Emprego), instalada na praça Hercílio Luz, em frente à Igreja Matriz. “Eu trabalhava de babá, mas agora estou desempregada. Não está fácil. Eu procuro o dia todos, quando acho uma vaga tem cinco candidatos na minha frente. Meu dia virou uma correria”, conta.
Ela mora com o filho mais velho, que também está desempregado, e confessa que já passaram muita dificuldade nos últimos anos. “Com a pandemia ficou bem pior, pra tudo né, até para a gente sobreviver. Qualquer coisa que tiver para trabalhar eu pego. Meu filho também está desempregado. Quando aparece algum bico ele faz para não passarmos fome. As vezes aparece uma faxina para mim e assim a gente vai driblando o dia a dia”.
E quanto mais o tempo foi passando, dona Maria, conta que os problemas se acumularam e por último a saúde também foi afetada. “Já passamos muita dificuldade para comprar comida, não tínhamos dinheiro e inclusive veio a depressão e precisei de acompanhamento psiquiátrico”. Mas com a Caravana do Emprego em Araranguá a senhora de 58 anos voltou a ter esperança. “Andei dois quilômetros a pé de casa até aqui no centro, mas se Deus quiser vai aparecer alguma coisa hoje e nós vamos sair dessa”, assinala, com os olhos cheios de lágrimas.
Muitos outros procurando
Assim com dona Maria, centenas de araranguaenses procuraram a Caravana do Emprego, nessa quarta-feira, 9, no centro da cidade. O movimento foi grande desde as primeiras horas do dia. “Nos chamou a atenção. Nós chegamos aqui as 7h20min da manhã e já tinha muita gente esperando para participar da Caravana. O Sine da nossa cidade fez todo um trabalho na semana que passou e também nessa, para mapear todas as vagas, revisitando as empresas. Com isso descobrirmos mais de 40 segmentos da economia de Araranguá com oportunidade de emprego. São várias funções que vão desde açougueiro até gerente de supermercado”, afirma o secretário interino de Assistência Social de Araranguá, Afrânio Ronconi.
O secretário ainda adianta que a prefeitura vem trabalhando para oferecer especialização as pessoas que buscam reingressar no mercado de trabalho. “Tivemos algumas reuniões com o Sine e com o IFSC. O Sine oferta até maio sete cursos técnicos e profissionalizantes abertos e gratuitos à população. São cursos que preparam a pessoas para ser desde um atendente, até para atuara nos setores de turismo e gastronomia. Já o IFSC vai fazer uma grade com cursos para também disponibilizar e capacitar a nossa mão de obra”.
Mais de 150 atendimentos
A Caravana do Emprego vem passando pelas cidades do estado desde o início do ano e somente em Araranguá foram mais de 150 atendimentos. Diego Goulart, diretor de emprego e renda o governo do Estado, fala como o projeto teve início.
“A Caravana do Emprego surgiu no ano passado. Descobrimos que tínhamos duas unidades móveis desde 2008 paradas (micro-ônibus). Reformamos as duas. Depois de vencer todos os trâmites burocráticos efetivamos a caravana em janeiro desse ano a partir de Laguna. A agora estamos na sexta edição (Araranguá) e a sétima será em Criciúma na sexta-feira, 11. O objetivo sempre foi intermediar, ou seja, trazer a vaga de quem tem e oferecer para quem precisa; o cidadão”, explica Diego.
O diretor de emprego e renda do governo do Estada ainda fala dos bons números obtidos pelo projeto. “Nas seis cidades que passamos já atendemos mais de 1,2 mil pessoas e foram quase 3 mil encaminhamentos, pois cada cidadão que procura a caravana pode sair com até três cartas de encaminhamento. Depois que a pessoa escolhe a vaga o processo de recrutamento é com a própria empresa”.
A Caravana do Emprego vai estar em Criciúma na sexta-feira, 11. Ela vai ficar instalada na praça Nereu Ramos das 8h às 16hs. E muitos devem estar se perguntando sobre a situação de dona Maria do início dessa reportagem. Ela conseguiu alguns encaminhamentos e agora já está na fase de entrevistas e quem sabe, em breve, um novo emprego.