Se tem um fator decisivo para o Criciúma alcançar a principal meta da temporada - deixar logo a Série C -, esse fator é a preparação física. "Do último jogo, os números do GPS bateram todos os jogos até agora desde o Catarinense e a pandemia", comemorou o preparador físico do Tigre. Trocando em miúdos o motivo de comemoração de William Hauptmann: é com o GPS nos jogadores que o clube mede, a cada partida, o quanto corre cada atleta, e os resultados foram dos melhores até aqui, na temporada, nos 3 a 1 de sábado frente ao Boa Esporte, na segunda rodada da Série C.
"Hoje eu creio que estamos vivendo um segundo momento", avaliou, em entrevista ao Timaço nesta quinta-feira, 20, no Som Maior Esportes. "Nós tivemos o primeiro momento, quando voltamos a trabalhar, tentando acompanhar alguns jogadores naqueles 90 dias que ficaram parados. Quando chegamos vimos dois grupos distintos, uma que pelo protocolo precisávamos dividir o grupo, e quando dividimos um grupo sentindo muito mais os treinos que o outro", lembrou. "Nesse segundo estágio os nossos atletas estão em bom nível físico. Dos 26 de linha, não temos nenhum acima com potencial de gordura e temos acompanhado números bem gratificantes", avaliou.
Mesmo com esse bom estágio físico, Hauptmann aponta que é possível evoluir mais. "Temos muito o que evoluir ainda. Alguns jogadores começaram agora, como o Jean Dias, que já fez alguns jogos, o Jean Lucas que está chegando, pegando sequência. Carlos Alexandre estava há muito tempo sem jogar, relatou. "Eu acredito muito na evolução sim. Uma das coisas que deixa a gente contente é do feedback dos treinos. O ambiente muito bom, um grupo que se dedica nos treinos, creio muito ainda na evolução física desse time", emendou.
Como lidar com a pandemia
O preparador precisa estar constantemente atento às nuances da pandemia de Covid-19, tanto na interferência física quanto no comportamento dos atletas. Um momento de preocupação que Hauptmann lembra é quando da viagem para Itajaí, onde o Criciúma enfrentaria o Marcílio Dias, em rodada que acabou transferida por conta do coronavírus.
"Quando viajamos para Itajaí foi um momento complicado. Chegamos lá, tivemos o jogo cancelado, deu uma tristeza muito grande. Você entra até hoje nos estádios e vê os estádios vazios. Aqui em Criciúma a gente joga com o som da torcida, lá em Londrina não teve. Dá uma impressão de um vazio dentro da gente, fora uma certa preocupação, nós que somos submetidos a testes em todos os jogos. Eu já fiz quatro vezes esse PCR, no nariz, credo, sem contar isso daí", afirmou.
Para ele, o Criciúma tem conseguido administrar bem os casos. "Temos uma certa preocupação com a saúde do grupo, Deus tem nos abençoado, temos tido poucas situações e as que tiveram estão sanadas, temos o grupo trabalhando, inteiro, tantos membros de comissão que tiveram quanto atletas", afirmou.
Confiança nos adversários
Os testes estão sendo realizados a cada jogo. E o preparador garante que não há preocupação em relação a possíveis contaminados nos adversários, que também estão sendo monitorados. "A gente joga acreditando no profissionalismo e na seriedade do adversário. Logicamente que existe precaução. O exame nos dá tranquilidade, mas de repente ainda não apareceu no exame, a gente tenta cumprir o protocolo da melhor maneira", apontou.
Outra preocupação é estar ligado na rotina dos jogadores. "O atleta acaba se cumprimentando, abraçando, tem coisas que acabam fugindo. A gente tem uma precaução a mais, eu mesmo no banco, sempre com álcool gel, não tirar a máscara, orientar os atletas a não tirar as máscaras, que quando cumprimentar seja com a máscara. Estamos trabalhando para que o protocolo seja cumprido", observou. "Eu tenho uma filha de 12 anos, alguns atletas têm filhos menores, outros atletas têm parentes, pais do grupo de risco e estão perto. É cumprir com o protocolo da melhor maneira possível, tanto nos treinamentos quanto nos jogos", completou.
A favor da volta
William Hauptmann se disse favorável à continuidade do futebol mesmo com a pandemia. "Eu sou a favor. Eu sei o que é ter 75% do seu salário retirado. Eu sei o que é estar aqui trabalhando e daqui a pouco tira o salário", respondeu. "Eu sou a favor com aquilo que eu falei, com a precaução, com tudo o que tem que ser feito", ponderou.
O cuidado tem sido extremo na rotina do Criciúma. Inclusive nos treinamentos. "Se for nos nossos treinos, verá todos nós com máscara. Álcool e álcool gel na beira do campo e perto da água. Até hoje, todos os nossos atletas têm o seu cantil de água, cada um tomando todas as precauções possíveis. O mundo não pode parar. Somos contra esses abusos que a gente vê. A polícia de Criciúma fechou uma festa com mais de 100 pessoas, isso é um absurdo", finalizou.
O Criciúma volta a campo pela Série C na próxima segunda-feira, 24, às 20h, no estádio Heriberto Hülse, contra o São Bento.
Ouça a entrevista do preparador físico no podcast: