O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil está disposto a conversar com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) sobre a possibilidade de integrar o bloco, já que é atualmente o décimo maior produtor de petróleo do mundo. Porém, ele disse que o país não se unirá a práticas que chamou de “cartel”.
“Tem a dimensão geopolítica que te aproxima, você sabe a diferença que tem em relação a outros. Então, participar da Opep como um fato de termos reuniões de produtores é uma coisa, se for orientação econômica, que é justamente de remover cartéis, integrar uma economia globalizada, permitir a prosperidade de todos os povos. Em vez da exploração de alguns por cartéis de outros, promover desorganizações sociais em outros países com choques de petróleo, coisas desse tipo não é muito o nosso cardápio não. Mas a gente senta sempre para conversar em qualquer ambiente.”
De acordo com Paulo Guedes, “as tentações são muitas” mas o Brasil tem princípios a seguir, como parte da sociedade ocidental que defende a democracia e as economias de mercado, e que acredita na cooperação e na integração das economias globais.
“Por exemplo, o Brasil e os Estados Unidos controlam juntos 60% a 70% da oferta de soja, alimento mundial. Então, o Brasil podia juntar com os Estados Unidos e fazer o cartel da alimentação mundial. O Brasil pode também juntar com os países árabes e fazer o cartel do petróleo mundial. O nosso espírito não é esse. Mas existem os fatos. O fato é que somos realmente um dos maiores produtores de petróleo do mundo, então sentar para conversar é sempre importante. Somos o décimo hoje, seremos o quinto. Sendo o quinto, é quase inevitável esse convite."
Já o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que ainda não tratou do tema com o presidente. “O presidente [Jair] Bolsonaro já declarou que irá conversar tanto com o ministro Paulo Guedes quanto com o Ministério de Minas e Energia para saber da oportunidade e do interesse do Brasil vir a integrar a Opep. Eu ainda não tive a oportunidade de conversar com o presidente depois que ele chegou [da viagem à Ásia e Oriente Médio]. Vamos ter uma reunião na próxima semana e eu acho que nessa oportunidade ele vai dizer aquilo que recebeu como proposta lá na Arábia Saudita e isso será analisado pelas equipes do Ministério de Minas e Energia e da Economia. A possibilidade sempre houve do Brasil fazer parte ou não da Opep".