Um ano após o início da Guerra na Ucrânia, que teve início na madrugada de 24 de fevereiro de 2022, ainda não há a previsão de um cessar-fogo. Para o mestre e especialista em Direito, Diogo Lentz, não existe uma solução a curto ou médio prazo. No programa 60 Minutos desta sexta-feira (24), ele explica que a paisagem de guerra e devastação deve se naturalizar, a não ser que a Ucrânia recue.
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“Eu não vejo uma solução a curto ou médio prazo, a não ser que as potências, como os Estados Unidos, arrochem a situação da Ucrânia. Mas isso seria recuar com a investida que se deu anteriormente com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Infelizmente, essa paisagem de guerra e devastação acaba se naturalizando. A violência se torna banal, se torna um dado diário”, salienta Diogo.
Porém, mesmo em um cenário de negociação, a Ucrânia teria que ceder território, o que o país não está disposto a fazer. Já a Rússia, possui muita munição para gastar, dando a possibilidade de estender a guerra por muito tempo. Com isso, a situação não deve normalizar em pouco tempo e terá muito a ser reconstruído. Mas não vai ser reconstruído até a guerra acabar.
No início de 2022 pouco se sabia sobre os motivos que originaram os ataques e ainda se especulava quais seriam os impactos econômicos no resto do mundo. Hoje, os interesses territoriais e questões geopolíticas entre os dois países estão mais claras.
“A Rússia quer barrar a influência da Otan no território de influência da antiga União Soviética. Para isso, ela conquistou alguns territórios, por exemplo a Crimeia que não tem mais volta. Inclusive, era uma reivindicação da Ucrânia”, exemplifica Lentz.
Podem surgir potências pós-guerra?
Assim como ocorreu em guerras passadas, em que países se reconstruíram e tornaram-se potências após grandes conflitos, alguns países podem se beneficiar com a Guerra na Ucrânia. Segundo o economista Ismael Cittadin, em termos financeiros, os gastos com o conflito já passam de US$ 150 bilhões – em valor monetário e armas, munições e trabalho militar.
“No cenário que se desenha agora, caso exista um cessar-fogo, os maiores beneficiados serão os Estados Unidos e países ocidentais (Alemanha, Reino Unido, França…), que são os que mais apoiam a Ucrânia hoje”, explica o economista.
Putin aguarda eleições americanas
Na opinião de Cittadin, o presidente da Rússia, Vladimir Putin aguarda as eleições dos Estados Unidos na esperança de que um Republicano seja eleito e pare de enviar ajuda para a Ucrânia. “Essa é a linha de ação deles, uma guerra de desgaste, desgastando a Ucrânia e a moral dos países ocidentais e ganhar pelo cansaço”, concluiu.