O ex-árbitro e atual comentarista da TV Globo Leonardo Gaciba foi eleito quatro vezes o melhor árbitro do Campeonato Brasileiro, ele participou do Som Maior Esportes, onde falou sobre inovações nas regras do futebol, como é estar do outro lado, politicagem no esporte e profissionalização dos árbitros.
“O pessoal não gosta de investir em arbitragem, o profissionalismo não chega nunca. Ninguém quer assumir, a CBF tem renda suficiente para fazer isso. Na Europa já pagam taxas anuais para os árbitros. Uma questão muito séria é o tamanho do nosso país, é um problema condensar todos esses profissionais em um mesmo local”, explicou Gaciba.
O comentarista acredita que este profissionalismo não pode ficar só no papel. Os árbitros devem ser imparciais, dessa forma é importante ter profissionais do Nordeste. Porém acredita que alguns sem capacitação adequada apitam em jogos da primeira divisão no país.
“Em todo local tem esse jogo político, é o escudo da Fifa andando para um lado e para o outro. Hoje diminuiu, mas é uma pena não levar só o lado técnico em conta. Eu sou gaúcho, não temos a cultura de eu poder apitar Internacional e Flamengo, isso é amadorismo, os jogadores jogam por times de outros estados. Quando tem muita política no meio tende a ir para um lado ruim”, pensou.
Mudanças nas regras do futebol
A International Board, instituição que administra as regras do futebol, tem proposto grandes mudanças no esporte. Recentemente passou a ser testado alterações nas cobranças de pênaltis. Gaciba acha que as alterações são benéficas.
“A arbitragem brasileira passa por um processo parecido com a arbitragem mundial. É um momento de transição, as regras do futebol estão recebendo as maiores recapagens desses 150 anos”. O auxílio de imagens é outro ponto polêmico. “Gosto do árbitro de vídeo, acho necessário. A preocupação é a forma como estão fazendo, algumas vezes pessoas de fora do campo de jogo dão opinião”, destacou.
Gaciba comentarista
Comentarista da TV Globo desde 2011, ele afirmou não conhecer pessoalmente a maioria dos árbitros atuais. Destacou que cada um tem sua opinião sobre as jogadas, mas que nem sempre o ponto de vista é o correto.
“Quando falamos que o arbitro acertou é corporativismo, mas quando dizemos que errou é traíra. Procuro ter uma conduta igual tinha no campo de jogo, sem levar para o lado pessoal, explicando porque errou ou acertou. Mostrando para as pessoas se foi grave ou era quase impossível”.
Ele tenta se antecipar ao replay, colocando-se na mesma posição do que o árbitro, que não possui a tecnologia ao seu favor.
“Quando acho que é um erro grande, procuro me comprometer antes do replay, para ter o mesmo número de chances do que ele. Alguns ângulos só existem na TV”, finalizou.