Em julho de 2024, o real, a moeda que trouxe estabilidade econômica ao Brasil, completa 30 anos desde seu lançamento em 1º de julho de 1994. Ao longo dessas três décadas, o real enfrentou desafios e provações, mas permanece um símbolo de uma nova era econômica para o país. Com a moeda, vieram novas formas de pensar sobre investimentos e o impacto da inflação sobre eles.
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O salário mínimo: de R$ 67 a uma nova realidade
Quando o real foi introduzido, o salário mínimo era de modestos R$ 67. Imagine um investidor em 1994, planejando seu futuro e estabelecendo a meta de ter uma renda mensal de 10 salários mínimos após 30 anos. Naquela época, isso equivaleria a R$ 670 mensais. Porém, ao chegarmos a 2024, percebemos que R$ 670 tem um poder de compra muito menor do que se esperava.
A armadilha da inflação ignorada
O cenário hipotético do investidor que almejava R$ 670 mensais revela uma armadilha comum: a negligência do efeito da inflação nas projeções de investimentos. Mesmo que esse investidor tenha atingido sua meta nominalmente, o valor real de R$ 670 em 2024 é insuficiente para manter o padrão de vida esperado. A inflação corroeu o poder de compra ao longo dos anos, mostrando a importância de considerar esse fator em qualquer planejamento financeiro de longo prazo.
Rentabilidade Real vs. Nominal: a chave para projeções precisas
Ao planejar investimentos, é crucial diferenciar entre rentabilidade nominal e real. A rentabilidade nominal é a taxa "bruta" que não considera a inflação. Por exemplo, um título pré-fixado a 12% ao ano parece atraente, mas essa taxa não reflete a perda de valor do dinheiro ao longo do tempo.
Para uma projeção mais realista, é necessário calcular a rentabilidade real, que é a taxa de retorno acima da inflação. Mesmo sem saber exatamente como será a inflação futura, é possível estimar uma rentabilidade real entre 3% e 4% ao ano, considerando bons investimentos que não sejam nem extremamente conservadores nem demasiadamente arriscados.
A importância da atualização monetária
Digamos que seu objetivo seja uma renda de R$ 10 mil mensais. Não sabemos quanto será necessário acumular para manter esse poder de compra no futuro, mas ao aplicar uma taxa de 3% a 4% acima da inflação, você ajusta o valor de hoje para o futuro. Assim, mesmo que o montante final seja R$ 20 mil ou R$ 30 mil mensais, ele refletirá o mesmo poder de compra de R$ 10.000 hoje.
Planeje com sabedoria
A lição crucial é que, ao fazer projeções financeiras, deve-se sempre levar em conta a inflação. Colocar uma rentabilidade nominal sem ajustar para a inflação pode levar a metas ilusórias e decepções futuras. Use uma estimativa de rentabilidade real para garantir que seu patrimônio no futuro mantenha o poder de compra desejado.
Ao completar 30 anos, o real nos lembra da importância de planejamentos financeiros cuidadosos e bem informados. Considerar a inflação nas suas projeções de investimento é essencial para garantir a segurança financeira a longo prazo.