A tecnologia caminha a passos largos. Hoje, um smartphone é milhões de vezes mais poderoso do que toda a computação da NASA em 1969, quando colocou dois astronautas na Lua. Da mesma forma, há décadas a inteligência artificial (IA) tem sido um conceito fascinante de ficção científica, e embora ainda esteja longe dos robôs com sentimentos retratados nas telas de cinema, o desenvolvimento de algoritmos que conseguem entender a linguagem, aprender e replicar aspectos da mente humana já trouxe enormes avanços tecnológicos.
As máquinas que usamos diariamente estão ficando mais inteligentes, o que significa que a IA não é mais somente uma tecnologia futurista, e sim está cada vez mais integrada em todos os aspectos de nossas vidas. De sugestões de filmes para assistirmos online a assistentes virtuais que habitam celulares e alto-falantes inteligentes, algumas aplicações são mais visíveis do que outras. Porém, o fato é que a IA já impacta na vida cotidiana de forma mais ampla do que muitos percebem. Atualmente, é utilizada em dezenas de indústrias diferentes.
Mais do que isso, muitos pesquisadores acreditam que finalmente estamos chegando em um momento crucial para a IA: uma nova revolução industrial. Essa revolução digital 4.0 será impulsionada pela crescente dependência humana em inteligência artificial e automação. De acordo com os especialistas, estas são as áreas em que os novos desenvolvimentos em inteligência artificial devem mais impactar no futuro:
Setor público
Existem diversas áreas de atuação do governo que envolvem tomadas de decisão de nível relativamente baixo, e que serão altamente suscetíveis à adoção da IA para se obter aumento de produtividade, consistência e qualidade dos serviços prestados. Novas iniciativas vão desde a automação de tarefas burocráticas da rotina, como o preenchimento de formulários e o uso de tecnologias de reconhecimento facial, às mais complexas como a gestão de ativos e instalações, processos de compra, análise e interpretação de dados.
Além disso, a automação pode ajudar a reduzir diversos processos administrativos, como no caso do sistema judiciário, que possui milhões de processos em trâmite e que levariam muitos anos para serem finalizados somente com o emprego de trabalhadores humanos.
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), por exemplo, está se preparando para entrar na era da inteligência artificial com a adoção de um sistema que inicialmente permitirá pesquisas de dados de forma interativa. O objetivo é dar mais agilidade aos processos e permitir que os servidores possam dedicar seu tempo a atividades mais intelectuais. A expectativa é que o sistema esteja disponível até o final do primeiro semestre deste ano.
Defesa e segurança
Outra das principais aplicações da inteligência artificial é na área de defesa e segurança. Em janeiro, o Departamento de Defesa Americano anunciou que deve gastar US$ 10 milhões para utilizar os serviços do robô jogador de poker Libratus para aprimorar seus programas de treinamento. Em 2017, Libratus ficou famoso ao derrotar quatro dos principais jogadores de poker do Texas Hold'em, ganhando mais de US$ 1,8 milhão.
A vitória foi considerada um marco na IA, isso porque as regras do poker têm características complexas que faltam nos jogos de tabuleiro. Ele é fundamentalmente diferente de damas ou xadrez porque a mão dos outros jogadores permanece oculta durante o jogo. Em jogos de “informação imperfeita”, é extremamente difícil calcular a estratégia ideal, considerando todas as possíveis abordagens que os oponentes possam tomar. E o Texas Hold'em sem limite é especialmente desafiador porque se pode apostar qualquer quantia. Além disso, o poker requer um estilo de raciocínio e inteligência que se mostram difíceis de serem imitados pelas máquinas.
De acordo com os desenvolvedores de Libratus, o robô jogador de poker é capaz de construir estratégias de apostas engenhosas, incluindo a habilidade de blefar. O Pentágono deverá usar a teoria dos jogos computacionais em apoio à sua Unidade de Inovação da Defesa, um departamento especial criado em 2015 para facilitar a adoção de novas tecnologias pelos militares dos EUA.
Transporte
A inteligência artificial também tem sido amplamente aplicada na área de transporte nos países ocidentais. Trens automatizados já estão em uso pelas cidades europeias e carros autônomos estão sendo testados, com protótipos já circulando pelas ruas dos Estados Unidos, tais como os desenhados pelo Google.
Espera-se que carros sem motoristas sejam lançados no mercado até 2030, ao passo em que novos recursos de IA estejam disponíveis. Ao contrário dos veículos comandados por humanos, os modelos automáticos prometem ser mais seguros, pois nunca se distraem, não fazem ligações enquanto dirigem ou dormem ao volante. Além disso, a Boing já anunciou a construção de um jato autônomo nos próximos anos. No momento, eles ainda precisam da interferência humana para operar.
Trabalhos perigosos
Muitos trabalhos físicos e repetitivos são perfeitos para a aplicação de ferramentas baseadas em IA, e seu emprego é ainda mais crítico em áreas de trabalho perigosas como a mineração, o combate a incêndios e a manipulação de materiais radioativos. Os robôs já estão assumindo alguns deles, como no caso da soldagem, conhecida por produzir substâncias tóxicas, calor intenso e ruído agudo, mas que agora pode ser terceirizada para robôs na maioria dos casos. Células robóticas de soldagem já estão em uso na indústria de soldagem e possuem recursos de segurança para ajudar a evitar que trabalhadores humanos entrem em contato com a fumaça tóxica ou sofram acidentes de trabalho.
À medida em que a tecnologia avance, provavelmente haverá uma maior integração de IA para auxiliar as máquinas a operar em outros ambientes perigosos. Um dos trabalhos que estão sendo considerados para integração de robôs é a desativação de bombas. Atualmente, drones são utilizados como um aparato físico para desarmar bombas à distância, mas ainda exigem que humanos os controlem.