A Proclamação da República aconteceu há 129 anos no Brasil. A história aponta o fato no dia 15 de novembro de 1889, mas será que a data está correta? Em entrevista ao Programa Adelor Lessa, o escritor e pesquisador Laurentino Gomes falou sobre o assunto, destacando como estava o país neste período histórico e elencando os fatores que levaram ao golpe de Estado.
“Esse foi um momento de grande crise na história do Brasil. O século XIX foi de grande transformação na ciência, na tecnologia, nos transportes, na saúde, na medicina e principalmente nas ideias. Era o século herdeiro do iluminismo. Havia a ideia de que todo o poder deveria emanar do povo e não ao contrário, já que o Brasil era monarquia”, afirmou.
Laurentino destacou que o Brasil era um país rural e que não havia se preocupado com os escravos libertos um ano antes. Exportava principalmente itens agrícolas, como café e açúcar. Também era o único país das Américas a seguir o regime monarca, algo que segundo o escritor, já estava ultrapassado, além disso, os barões do café e os senhores de engenho se sentiram traídos com a Lei Áurea de 1888.
“Havia uma crise no meio militar e divergências na chamada questão militar, divergências entre os militares e as autoridades imperiais, nesse clima houve um golpe de estado. Na manhã do dia 15 de novembro de 1889 as tropa do exército foram para a rua e derrubaram o gabinete do Visconde de Ouro Preto, primeiro ministro do imperador”, afirmou.
Dia 15 ou dia 16 de novembro?
“O Marechal Deodoro da Fonseca não estava muito seguro em mudar o regime, ele tinha algumas convicções monarquistas. Mas, pressionado pelas lideranças militares e civis, na madrugada do dia 16 de novembro, aí sim ele anunciou que o Brasil se tornava uma república, embora que provisória. Então eu digo que o verdadeiro feriado deveria ser no dia 16”, garantiu o autor.
O que aconteceu com Dom Pedro II?
“O imperador foi mandado para o exilio, ele já estava bastante cansado, idoso, doente, ele sofria de diabetes e estava muito frágil. Havia algumas lideranças, como o marido da princesa Isabel, que queriam que ele resistisse e subisse para Petrópolis, organizando uma resistência com os militares republicanos. Ele preferiu ir embora, embarcou no dia 17 e foi embora para o exílio, morreu em Paris em 1891”, contou.
Nostalgia monárquica
O escritor pensa que a monarquia é uma coisa do passado, sendo lembrada em momentos de crise. “Tem uma família real, imperial, que é herdeira de Dom Pedro II, eu diria até que existe uma certa nostalgia monárquica no Brasil, mas, acho que muito em função das dificuldades da república. A república prometeu muito e cumpriu pouco, não conseguiu alfabetizar as pessoas no momento adequado, fazer reforma agraria, distribuir riquezas, os escravos foram libertadores abandonados à própria sorte”.
Como ficou o Governo?
A monarquia caiu em 1889, mas, a Constituição foi proposta apenas em 1891. “Foi governado por um regime, como se fossem decretos do governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca. A Constituição mais duradoura do Brasil foi outorgada pelo Dom Pedro I em 1824, ela durou até 1891, previa o poder moderador, onde o imperador poderia intervir nas instituições em momentos de crise”, destacou Laurentino.
Confira a entrevista: