Escritor, antropólogo, formado em história, direito e estudioso das ciências políticas. O professor Luiz Almeida Marins tem um extenso e qualificado currículo e, desde a década de 80, vem colocando em prática toda a sua experiência como antropólogo no ramo empresarial, sendo pioneiro da criação da antropologia corporativa.
A antropologia social, área estudada pelo professor Luiz, tem como foco de estudo o ser humano em sociedade. “O antropólogo estuda uma sociedade diferente da sua, que é para ele não levar os preconceitos de sua sociedade e estudos”, declarou.
Foi estudando o comportamento do ser humano que o professor migrou os seus estudos para um grupo diferente das tribos indígenas estudadas na universidade, pautando situações muito mais atuais e estudando o comportamento de empresas. “As empresas nada mais são do que uma pequena tribo com pessoas diferentes caçando o mesmo bicho, que é o cliente. Elas possuem seus valores, culturas e hierarquias”, ressaltou.
Em 1984, Luiz criou a primeira empresa mundial de antropologia corporativa, e muito de sua atuação no mundo empresarial veio com base no olhar adquirido através da etnografia. “Na antropologia empresarial nós pegamos uma empresa de alimentos, por exemplo, e fazemos o estudo etnográfico. O ciclo de experiência de uma cliente com aquele produto, desde quando ela pensa em querer ele até quando vai no supermercado, compra, armazena, usa e descarta. Como é esse comportamento e onde está o ponto de dor?”, disse Luiz.
Na antropologia corporativa, Luiz encontrar o ponto de dor do consumidor em relação a algum produto ou serviço e, sabendo que tipo de incômodo parte daquele produto acaba trazendo para o comprador. Caso esse erro não seja corrigido, uma marca empresa pode ficar para trás de outra e deixar de existir por não estar atento aos erros de seu produto.
“Lembra e quando se abria o iogurte e rasgava inteiramente a seladora? Então, a Nestlé lançou um iogurte em que você quebrava a pontinha e saía inteira essa proteção. A marca concorrente da Nestlé era maior e mais bem vista na época, mas perdeu, por conta da dificuldade de abrir”, ressaltou Luiz, afirmando que o mesmo processo é feito com qualquer tipo de empresa.
Luiz afirma ainda que o período de grandes mudanças radicais e tecnológicas que vivemos hoje em dia não é nada quando comparados os 150 mil humanos da espécie humana. Em pouco tempo, evoluímos muito. Apesar disso, mesmo com a evolução, muitos processos e empresas ainda insistem em manter tradições antigas - muitas vezes não sabendo nem porque ainda utilizam tal recurso.
É o caso do restaurante que, sob nova direção, continua tendo no cardápio um prato que nem é mais vendido. Ou de uma empresa que, para cadastro do cliente, ainda pede a naturalidade do consumidor - mesmo sabendo que não precisa dessa informação. “Ainda há gente que diz: no meu tempo tal coisa era melhor. Mas essa pessoa está vivendo o hoje, esse é o tempo dela, e tem gente que esquece disso e para no tempo”, afirmou.